Os sacramentos são um encontro pessoal com Cristo como salvador. Cristo vem a nós em cada sacramento e dá-nos sua redenção como um todo, pois Ele é a redenção. Em cada encontro sacramental com Cristo recebemos a redenção de acordo com o sinal sacramental. Cada um se realiza de modo diferente. Cada sacramento, dizemos, tem uma graça particular, isto é, recebemos a redenção de modo diferente, de acordo com a explicação dada pelo símbolo sacramental. No batismo, o símbolo da água. Ela indica e as palavras pronunciadas explicam. De modo diferente o pão e o vinho na eucaristia e o óleo na crisma. Podemos dizer que é o mesmo dom visto por outro ângulo. É aí que se dá o caminho da espiritualidade. Vivemos o sacramento pela vida afora a partir da marca deixada em nós, isto é, o modo de viver esse sacramento que não é um fato do passado, mas uma fonte de salvação pela vida afora, sempre. Não é só um rito celebrado, é um encontro com Cristo que deixa marcas, uma fonte de vida, tanto que o sacramento do batismo, da crisma e do sacerdócio têm o que chamamos de caráter, sigilo definitivo que permanece para sempre e só se recebe uma vez. Viver a espiritualidade sacramental é deixar-se modelar espiritualmente por esse dom e nele crescer na santidade. O batismo ou o casamento, por exemplo, não são um rito do passado, são como a respiração.
Participantes da natureza divina
São Pedro escreve em sua segunda carta que nos “tornamos participantes da natureza divina” (2 Pd 1,4). A divinização é realizada pelos sacramentos. Vivemos a vida de Deus. É importante ver a distinção entre sacramento e atos de piedade que são bons, mas não nos transmitem a vida divina, contudo, estimulam seu crescimento em nós e nossa adesão a ela. Se cada sacramento nos põe em contato com Cristo-Homem-Deus, vivendo o sacramento, vivemos a vida de Deus por Sua permanência em nós e por nossa união com Ele. A repetição dos sacramentos, como na eucaristia e na penitência, leva-nos a manter sempre mais vivo o encontro com Ele. Não se trata de acúmulo de bens espirituais, pois eles não são coisas ou riquezas, mas profundidade sempre maior em nosso encontro com Cristo até que Cristo seja tudo em nós. Não posso receber um sacramento só por devoção.
Estatura do homem perfeito
Paulo nos estimula a chegarmos à estatura do homem perfeito (Cl 1,28). Em Cristo o homem se torna sempre mais homem e a mulher mais mulher. O encontro com Cristo nos sacramentos descobre-nos sempre mais nossa condição humana. Cristo é homem, é a humanidade. O fato de aí identificarmos o masculino, não diferencia entre homem e mulher porque Cristo, em sua encarnação, assumiu em si toda a humanidade. A diferenciação não conduz à desigualdade mas à complementaridade. Para uma correta transformação da humanidade, os sacramentos contribuem para que cada um, marcado pela graça divina, realize plenamente seu ser humano marcado pela divindade, como ocorreu em Cristo. Eles nos fazem ser mais nós mesmos no corpo, alma e nas capacidades espirituais. Contemplando os sacramentos a partir da espiritualidade percebemos a urgência e a necessidade de recebê-los bem e de tê-los presentes em nossa vida, como fontes permanentes de espiritualidade.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM NOVEMBRO DE 2005
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