A
festa de Pentecostes nos faz lembrar o gesto de soltar uma ave engaiolada e dar-lhe
o vôo da liberdade. A Igreja Romana, sempre creu na ação do Espírito, mas O
deixou enfraquecido. Com o Vaticano II despertou-se mais esta dimensão de nossa
fé: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá Vida”. A vinda do Espírito não é
para uma devoção pessoal. Ele não é um santo a mais no calendário. Para com o
Espírito não temos devoção, mas o mesmo amor dedicado ao Pai e ao Filho. Sua
missão é dar a Vida plena a todos. Ele vem para a renovação da face da terra,
como rezamos. As orações e leituras da vigília e da solenidade ressaltam o
vigor da ação do Espírito Santo no mundo, promovendo a unidade que será também
com Pai e o Filho a quem estamos unidos pelo mesmo Espírito. Rezamos: “Fazei
que pela ação do vosso Espírito, os povos dispersos se reúnam de novo e todas
as línguas proclamem numa só fé a glória de vosso nome” (Oração
da Vigília).
As páginas da história estão cheias de guerras e separações. Mas vemos também
os resultados da evangelização e a ação deste Espírito, quando as atividades
políticas e sociais promovem a união dos povos para a paz e colocam todas as
nações na mesma direção de respeito aos direitos e promoção da pessoa humana e
da natureza. As instituições das nações como ONU e outras, são resultados da
ação do Espírito, mesmo que não saibam. A torre de Babel foi a fundação dos
egoísmos grupais e nacionais, nascidos do orgulho. O Espírito renovará a face
da terra pela vitória do amor que congrega para formar um só corpo.
Formamos
um corpo
Recebemos um
Espírito não de medo, mas de missão de reconciliação para que formemos um só
corpo, mesmo sendo muitos. Mesmo frágeis, como ossos secos dispersos, como nos
escreve Ezequiel, podemos formar um grande povo (Ez
37,1-14).
O Espírito é para todos e dá seus dons infinitos em abundância (não só sete),
como infinito Ele o é. Cada pessoa, cada nação tem dons particulares para o bem
de todos. O Espírito vem para renovar. Nós somos seus discípulos para implantar
em nossas realidades sua missão de falar em todas as línguas a mensagem do
amor. Por este Espírito rezamos ao Pai que nos ouve, pois “penetra o íntimo dos
corações e sabe qual é a intenção do Espírito que reza em nós” (Rm
8,26-27).
Cada um tem uma fonte que jorra de seu coração (Jo
7,38) e
esta fonte é o Espírito que de todos faz um único corpo. Cada um tem dons
particulares, pois “a cada um é dada uma manifestação do Espírito em vista do
bem comum” (7). “Como acontece em Cristo, somos
diversos, mas formamos um só corpo, pois fomos batizados num único Espírito
para formarmos um só corpo” (1Cor 12-13).
Espírito nos põe em missão
Celebramos Pentecostes, vinda do
Espírito Santo, que é o coroamento de toda obra da Redenção: “Quando vier o
Espírito da Verdade Ele vos conduzirá à verdade plena” (Jo
16,13).
Redimidos, somos enviados a anunciar a redenção: “Como o Pai me enviou, assim
também eu vos envio” (Jo 20,21). O envio não é
para impor uma religião, mas para implantar a reconciliação que o Filho nos
mereceu, dando-nos o Espírito. Pedimos ao Espírito que realize no coração dos
fiéis as maravilhas operadas no início da pregação do Evangelho (Oração). Rezamos:
“Enviai vosso Espírito e renovai a face da terra. Vinde Espírito Santo!
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