Evangelho segundo S. Marcos 6,17-29.
Naquele
tempo, o rei Herodes mandara prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de
Herodíades, a mulher do seu irmão Filipe, que ele tinha tomado por
esposa.João dizia a Herodes: «Não podes ter contigo a mulher do teu irmão». Herodíades odiava João Baptista e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes respeitava João, sabendo que era justo e santo, e por isso o
protegia. Quando o ouvia, ficava perturbado, mas escutava-o com prazer. Entretanto, chegou um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário
natalício, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e às
principais personalidades da Galileia. Entrou então a filha de Herodíades,
que dançou e agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o
que desejares e eu to darei». E fez este juramento: « Dar-te-ei o que me
pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu e perguntou à mãe:
«Que hei-de pedir?». A mãe respondeu-lhe: «Pede a cabeça de João Baptista». Ela voltou apressadamente à presença do rei e fez-lhe este pedido: «Quero
que me dês sem demora, num prato, a cabeça de João Baptista». O rei ficou
consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar o
pedido. E mandou imediatamente um guarda, com ordem de trazer a cabeça de
João. O guarda foi à cadeia, cortou a cabeça de João e trouxe-a num prato. A
jovem recebeu-a e entregou-a à mãe. Quando os discípulos de João souberam a
notícia, foram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Lansperge o Cartuxo (1489-1539), religioso e teólogo
Sermão
para a Degolação de S. João Baptista, Opera Omnia, t.2, p. 514s
A morte de Cristo está na origem de uma
multidão incontável de crentes. Pelo poder desse mesmo Jesus e graças à sua
bondade, a morte preciosa dos seus mártires e dos seus santos fez nascer uma
grande multidão de cristãos. Com efeito, nunca a religião cristã pôde ser
aniquilada pela perseguição dos tiranos nem pelo assassínio injustificado de
inocentes: pelo contrário, sempre fez disso uma fonte de grande crescimento.
Temos como exemplo S. João, que batizou Cristo e cujo santo martírio
hoje festejamos. Herodes, rei infiel, quis, por fidelidade ao seu juramento,
apagar completamente da memória dos homens a lembrança de João. Ora, não só João
não foi aniquilado, como milhares de homens, inflamados pelo seu exemplo,
acolheram a morte com alegria por amor da justiça e da verdade. [...] Qual é o
cristão digno desse nome que não venera hoje João, aquele que batizou o Senhor?
Em todo o mundo, os cristãos celebram a sua memória, todas as gerações o
proclamam bem-aventurado e as suas virtudes enchem a Igreja de perfume. João não
viveu só para si e não morreu só para si.
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