Evangelho segundo S. Mateus 16,13-20.
Naquele
tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus
discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?». Eles
responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é
Jeremias ou algum dos profetas». Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu
sou?». Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho
de Deus vivo». Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas,
porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está
nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei
as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e
tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus». Então, Jesus
ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Messias.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja
Comentários sobre Mateus, 16
O Senhor tinha perguntado: «Quem dizem os
homens que é o Filho do homem?» Naturalmente que o aspeto do seu corpo
manifestava o Filho do homem; mas, ao fazer esta pergunta, Ele dava a entender
que, para além do que se via nele, havia outra coisa a discernir. [...] O objeto
da pergunta era um mistério para o qual a fé dos crentes devia orientar-se.
A confissão de Pedro obteve em pleno a recompensa que merecia por ter
visto naquele homem o Filho de Deus. «Feliz» é ele, louvado por ter prolongado a
sua vista para além dos olhos humanos, não olhando para o que vinha da carne e
do sangue, mas contemplando o Filho de Deus revelado pelo Pai dos céus: foi
considerado digno de ser o primeiro a reconhecer o que em Cristo era de Deus.
Que belo alicerce pôde ele dar à Igreja, confirmado pelo seu novo nome! Ele
torna-se a pedra digna de edificar a Igreja de forma a ela romper as leis do
inferno [...] e todas as cadeias da morte. Feliz porteiro do Céu, a quem são
confiadas as chaves do acesso à eternidade; a sua sentença na Terra antecipa a
autoridade do Céu, de tal forma que o que tiver ligado ou desligado na Terra o
será também no Céu.
Jesus ordena ainda aos discípulos que não digam a
ninguém que Ele é o Cristo, porque vai ser preciso que outros, quer dizer, a Lei
e os profetas, sejam testemunhas do seu Espírito, uma vez que o testemunho da
ressurreição caberá aos apóstolos. E, assim como foi manifestada a felicidade
daqueles que conhecem Cristo no Espírito, foi igualmente manifestado o perigo de
se desconhecer a sua humildade e a sua Paixão.
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