Sempre
nos ensinaram que o Mistério da SSma. Trindade é incompreensível à mente humana.
Cita-se a lenda de S. Agostinho que, andando na praia, quando procurava
entender este mistério: “Um menininho, com uma concha, buscava água do mar para
colocar num buraquinho da areia. E o Santo perguntou o que fazia. Respondeu que
ia colocar toda a água do mar ali dentro. Ao que responde o Santo: impossível!
O menino respondeu: é o mesmo que o senhor quer fazer achando que vai colocar o
mistério da Trindade em sua cabeça”. Poderíamos completar a história dizendo:
não colocaremos a água no buraquinho na areia, mas poderemos nos lançar por
inteiro na imensidão desse mar. A profundidade do mistério não é totalmente
desvendada, mas para ser totalmente amada. Pelo amor podemos, como filhos de
Deus, chamar Deus de Pai, unidos a Cristo seu Filho, conduzidos pelo Espírito. Este
“mistério” da Santíssima Trindade, revelado no Novo Testamento, é a verdade
fundamental de nossa fé revelada por Jesus à qual nos unimos pelo Espírito de
Amor. O fato de não saber explicar, não significa que não é possível amar. Para
o delineamento da fé, a Igreja, refletiu por séculos através dos concílios que
definiram as verdades da fé. É o que chamamos o “Creio” da missa, em suas duas
modalidades: apostólica e niceno - constantinapolitano. É o que cremos e a
Igreja defende até a custa do próprio sangue, como vemos nos mártires. Esta fé
tem que ser purificada também em nossas interpretações menos condizentes. Estamos
sempre traçando o sinal da Cruz em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
para aprofundar nossa vida de união à Trindade Santa.
Deus que salva
Os
hebreus conheceram a Deus através dos muitos gestos salvadores que Ele realizou
em seu favor, como lemos no livro do Deuteronômio: “Terá algum Deus vindo
escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e
prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de
grande terror, como tudo o que por ti fez o Senhor vosso Deus fez no Egito?” (Dt 434). O
conhecimento de Deus está, não está primeiramente em código de verdades, mas
nas intervenções salvadoras de Deus em seu favor. Assim acontece conosco
também, mas nos falta a consciência desta misericórdia salvadora de Deus em Cristo. Somos
agraciados por estas maravilhas e ao mesmo tempo chamados a comunica-las.
Ensinai e batizai
Jesus,
ao subir ao Céu diz: “Toda autoridade me foi dada no Céu e sobre a terra” Jesus
é o Senhor, pois tem a autoridade que lhe foi conferida pelo Pai. Por isso envia.
Os discípulos, enviados vão com a mesma
autoridade que o Filho recebeu do Pai. Por isso diz que batizamos em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nome é a essência, existência concreta de
Deus, como disse: no Nome, não nos nomes. O Nome sagrado, impronunciável do
Antigo Testamento, é agora colocado nos lábios dos filhos pequeninos. Fazer
discípulos é criar uma comunidade, como a dos apóstolos com Ele, que é
evangelizada. Urge a nós como cristãos assumir nossa dupla missão: viver em
comunhão com a Trindade e levar aos outros esta vida. Somos chamados ao zelo
ciumento de Deus que quer que O amemos sem dividir com outras divindades, aquelas
que construímos com nossas mãos. Não mais deuses de ouro ou prata, mas o deus
do dinheiro, do poder e do prazer que não nos dão a Vida.
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