quinta-feira, 31 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Abbá, ó Pai!”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Mistério do Amor
               Sempre nos ensinaram que o Mistério da SSma. Trindade é incompreensível à mente humana. Cita-se a lenda de S. Agostinho que, andando na praia, quando procurava entender este mistério: “Um menininho, com uma concha, buscava água do mar para colocar num buraquinho da areia. E o Santo perguntou o que fazia. Respondeu que ia colocar toda a água do mar ali dentro. Ao que responde o Santo: impossível! O menino respondeu: é o mesmo que o senhor quer fazer achando que vai colocar o mistério da Trindade em sua cabeça”. Poderíamos completar a história dizendo: não colocaremos a água no buraquinho na areia, mas poderemos nos lançar por inteiro na imensidão desse mar. A profundidade do mistério não é totalmente desvendada, mas para ser totalmente amada. Pelo amor podemos, como filhos de Deus, chamar Deus de Pai, unidos a Cristo seu Filho, conduzidos pelo Espírito. Este “mistério” da Santíssima Trindade, revelado no Novo Testamento, é a verdade fundamental de nossa fé revelada por Jesus à qual nos unimos pelo Espírito de Amor. O fato de não saber explicar, não significa que não é possível amar. Para o delineamento da fé, a Igreja, refletiu por séculos através dos concílios que definiram as verdades da fé. É o que chamamos o “Creio” da missa, em suas duas modalidades: apostólica e niceno - constantinapolitano. É o que cremos e a Igreja defende até a custa do próprio sangue, como vemos nos mártires. Esta fé tem que ser purificada também em nossas interpretações menos condizentes. Estamos sempre traçando o sinal da Cruz em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo para aprofundar nossa vida de união à Trindade Santa.
Deus que salva
               Os hebreus conheceram a Deus através dos muitos gestos salvadores que Ele realizou em seu favor, como lemos no livro do Deuteronômio: “Terá algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grande terror, como tudo o que por ti fez o Senhor vosso Deus fez no Egito?” (Dt 434). O conhecimento de Deus está, não está primeiramente em código de verdades, mas nas intervenções salvadoras de Deus em seu favor. Assim acontece conosco também, mas nos falta a consciência desta misericórdia salvadora de Deus em Cristo. Somos agraciados por estas maravilhas e ao mesmo tempo chamados a comunica-las.
 Ensinai e batizai
            Jesus, ao subir ao Céu diz: “Toda autoridade me foi dada no Céu e sobre a terra” Jesus é o Senhor, pois tem a autoridade que lhe foi conferida pelo Pai. Por isso envia. Os discípulos, enviados vão com a  mesma autoridade que o Filho recebeu do Pai. Por isso diz que batizamos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nome é a essência, existência concreta de Deus, como disse: no Nome, não nos nomes. O Nome sagrado, impronunciável do Antigo Testamento, é agora colocado nos lábios dos filhos pequeninos. Fazer discípulos é criar uma comunidade, como a dos apóstolos com Ele, que é evangelizada. Urge a nós como cristãos assumir nossa dupla missão: viver em comunhão com a Trindade e levar aos outros esta vida. Somos chamados ao zelo ciumento de Deus que quer que O amemos sem dividir com outras divindades, aquelas que construímos com nossas mãos. Não mais deuses de ouro ou prata, mas o deus do dinheiro, do poder e do prazer que não nos dão a Vida. 

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