Evangelho segundo S. Mateus 5,27-32.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não
cometerás adultério’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma
mulher com maus desejos já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o
teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de
ti, pois é melhor perder-se um só dos teus olhos do que todo o corpo ser lançado
na geena. E se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e
lança-a para longe de ti, porque é melhor que se perca um só dos teus membros,
do que todo o corpo ser lançado na geena. Também foi dito: ‘Quem repudiar
sua mulher dê-lhe certidão de repúdio’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que
repudiar sua mulher, salvo em caso de união ilegítima, expõe-na ao adultério. E
quem se casar com uma repudiada comete adultério.
Tradução
litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Paulo II
(1920-2005), papa
Discurso aos jovens holandeses, 14 de Maio de 1985
Queridos jovens, fizestes-me saber que
muitas vezes considerais a Igreja como uma instituição que apenas promulga
regulamentos e leis. [...] E concluís que há um profundo hiato entre a alegria
que emana da palavra de Cristo e o sentimento de opressão que suscita em vós a
rigidez da Igreja. [...] Mas o Evangelho apresenta-nos um Cristo muito exigente,
que convida a uma conversão radical do coração, ao abandono dos bens da Terra,
ao perdão das ofensas, ao amor para com o inimigo, à paciente aceitação das
perseguições e mesmo ao sacrifício da própria vida por amor ao próximo. No que
diz respeito ao domínio particular da sexualidade, é conhecida a posição firme
que Jesus tomou em defesa da indissolubilidade do matrimónio e a condenação que
pronunciou até a propósito do simples adultério cometido no coração. Poderá
alguém não ficar impressionado diante do preceito de arrancar um olho ou de
cortar uma mão se esses órgãos forem ocasião de escândalo? [...]
A
permissividade moral não torna os homens felizes. Tal como a sociedade de
consumo não traz alegria ao coração. O ser humano só se realiza na medida em que
sabe aceitar as exigências que provêm da sua dignidade de ser criado «à imagem e
semelhança de Deus» (Gn 1,27). Por isso, se hoje a Igreja diz coisas que não
agradam, é porque se sente obrigada a fazê-lo. Fá-lo por dever de lealdade.
[...]
Mas então não é verdade que a mensagem evangélica é uma mensagem
de alegria? Pelo contrário, é absolutamente verdade! E como é isso possível? A
resposta encontra-se numa palavra, numa só palavra, numa palavra curta mas com
um conteúdo vasto como o mar. Essa palavra é: amor. O rigor do preceito e a
alegria do coração podem perfeitamente conciliar-se. Quem ama não receia o
sacrifício. Antes procura no sacrifício a prova mais convincente da
autenticidade do seu amor.
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