Oh,
Senhor, Deus de amor! Pobrezinho, nasceu em Belém. Eis na lapa,
Jesus nosso, bem. Dorme em paz, oh, Jesus, Dorme em paz! A bela sonoridade e o
encanto singelo do Natal cristão refletem a beleza de Deus que se fez criança para
entrar em comunhão com aquele homem que deixara de ser criança. O homem no
Paraíso Terrestre era o encanto de Deus, como diz o livro da sabedoria: “Minhas
delícias era estar com os filhos dos homens” (Pr 8,31). Santo Afonso completa: “O coração do homem é o
paraíso de Deus”. Deus não desanimou de sua criatura amada. Quis, por um
carinho particular, nascer entre nós. Nascer tem a significação de não intervir
com força ou poder ou dominar. Nascer foi uma obra de respeito à humanidade,
pois a julgou boa para ser a terra de Dele. Não é possível não se encantar com
a cena de Belém: uma estrebaria, um casal, uma criança, animais e quem sabe
mais gente humilde que não encontrara lugar para ficar. É a ternura do amor de
Deus que preparou este momento único na história da Humanidade: Deus une a
natureza divina à natureza humana. A liturgia chama este momento de “Admirável
comércio!” É bonito o Natal, mas é um mistério a ser acolhido na pessoa do
Menino. Não podemos perder a dimensão humana de Jesus, que foi em tudo igual a
nós, menos, no pecado (Hb 4,15).
Não podemos perder a percepção que é o momento em que Deus se manifesta e
entra em comunhão conosco. Não basta ver com os olhos, é preciso contemplar com
a fé do coração. Era uma vez um menino que permanece para sempre conosco como
Salvador.
1045. Um projeto de
comunicação
Rezamos
na missa da noite do Natal: “Acolhei, ó Deus, a oferenda da festa de hoje, na
qual o céu e a terra trocam seus dons, e dai-nos participar da Divindade
daquele que uniu a vós nossa humanidade”. Cristo uniu nossa humanidade à
divindade. No nascimento de Jesus não é um humano que é divinizado, ou um deus
que é inventado. É um projeto de Deus de nos levar a entrar em comunhão com Ele
na participação de Sua vida, como participou da nossa vida. Ele foi em tudo
homem para que em tudo pudéssemos viver a vida divina. Vivemos a vida Divina
quando vivemos o amor. Quer saber se esta em Deus? Olha se vive no amor. Deus é
amor e todo aquele que ama está em Deus e Deus nele (1Jo 1,4-8). A alegria e a luz predominam nestas celebrações.
Jesus é a alegria e a luz.
1046. Não tenhais
medo!
A
humanidade, mesmo no mundo atual, vive o medo do espiritual. As superstições ou
cultos que pretendem dominar forças espirituais provocam o medo para dominar.
Quando se inicia o momento do nascimento de Jesus, com a comunicação do Anjo a
Zacarias e Maria, ouvimos em primeiro lugar: “Não tenhais medo!”. Por isso Deus
escolhe nascer. Por nascimento traz alegria, paz e serenidade. No momento vemos
uma rejeição muito grande, bem orquestrada, contra a pessoa de Jesus, na pessoa
de seus seguidores. É o medo de Jesus, pois Ele nos compromete com o amor. Amar
é sair de si. O egoísmo e a soberba preferem se esquivar de Jesus, pois, crer Nele,
significa mudar o coração. Há um texto do apócrifo de Tomé que diz: “Quem chega
perto de mim, aproxima-se do fogo”. O fogo queima a palha, o que é inútil e
falso. Não tenhamos medo de Jesus. Ele é uma criança.
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