PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Tempo das promessas
O
tempo do Advento é o tempo da esperança. Com os olhos voltados para o alto,
como nossos antigos pais na fé, nós clamamos por aquela chuva benfazeja. O povo
de Deus clamou por um salvador durante séculos, mas não perdeu a esperança.
Sabia que Deus cumpriria suas promessas a seu tempo. Não esperamos um Salvador,
mas contamos que as graças desta manifestação continue exercendo todo seu
dinamismo de vida. Cremos com facilidade em tudo o que nos ensinam sobre a
história da humanidade sem objeções. Quando se proclama o nascimento de um Deus
entre nós, prometido, realizado e comprovado, colocamos dúvidas. Por que?
Porque Ele nos compromete. Lemos em Samuel que Davi quis construir o templo.
Mas era Deus quem lhe construiria uma casa, uma família que permaneceria para
sempre (2Sm 7,16). O salmo completa: “Para sempre
no teu trono, firmarei tua linhagem” (Sl 88). A
realeza de Davi continua em Jesus. Na anunciação do nascimento de Jesus, o Anjo
diz: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o
trono de seu Pai Davi. Ele reinará para
sempre sobre os descendentes de Jacó e o seu reino não terá fim” (Lc 1,31-33). É pela ação do Espírito Santo que esta linhagem
permanece e se estabelece no seio de Maria, sem participação do homem. Ele é o Filho
de Deus. A virgindade de Maria não é só um aspecto espiritual pessoal, mas é a
condição de todo o povo de Deus que se abre a sua ação para que se estabeleça
em nós sua presença. A promessa é para todos. Deus não exclui ninguém, nem os
que O excluem. A virgindade de Maria e a esterilidade de Isabel manifestam a
ação de Deus que age por si.
Mistério manifestado
Quando João prega no deserto, o evangelista diz que o
povo estava em ansiosa expectativa (Lc 3,15). Paulo
chama de plenitude dos tempos (Gl 4,4). O anúncio do Anjo a
Maria é a primeira grande manifestação da entrada de Deus no mundo, pois para
Deus nada é impossível (Lc 1,37). Em Maria, se encontra
toda a humanidade, pois o Filho de Deus não só se encarna em uma pessoa
concreta, Maria, mas sua encarnação está na humanidade toda que, em Maria
acolhe a divindade. João evangelista proclama: “E o Verbo se fez carne, e
habitou entre nós. E nós vimos sua glória” (Jo 1,14). A
divindade não é mais o temível Deus, mas a tenra criança. “Vimos sua Glória”.
Significa que, naquela criança está toda a divindade. Em Belém, na gruta do
nascimento de Jesus, está escrito em uma estrela de prata: “Aqui o Verbo se fez
carne”. Jesus não é uma idéia, é o Deus que se deixa tocar.
Eis a serva do Senhor!
A
aceitação de Maria abre uma nova época para a humanidade. É a última. A próxima
etapa é o Reino definitivo entregue a Deus pelo Filho (1Cor 15,24). Maria pergunta ao Anjo como aconteceria essa
encarnação. O coração humano sempre deseja compreender as ações de Deus. Maria
assume e responde: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua
Palavra (Lc
1,36). Que aconteça o que Deus quer e
como Deus quer. A fé em Jesus deve acontecer de acordo com a vontade de Deus.
Nós aderimos em cada missa à profissão de fé: “Creio em Jesus Cristo, que foi
concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria e se fez homem”
(creio). A atitude de servidão é a entrega da vida para que
Deus continue sua presença no mundo. Assim entramos como parte da História da
Salvação. Damos nosso amém, isto é, creio e vou ser fiel.
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