quinta-feira, 22 de junho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Céus, deixai cair o orvalho”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Tempo das promessas
               O tempo do Advento é o tempo da esperança. Com os olhos voltados para o alto, como nossos antigos pais na fé, nós clamamos por aquela chuva benfazeja. O povo de Deus clamou por um salvador durante séculos, mas não perdeu a esperança. Sabia que Deus cumpriria suas promessas a seu tempo. Não esperamos um Salvador, mas contamos que as graças desta manifestação continue exercendo todo seu dinamismo de vida. Cremos com facilidade em tudo o que nos ensinam sobre a história da humanidade sem objeções. Quando se proclama o nascimento de um Deus entre nós, prometido, realizado e comprovado, colocamos dúvidas. Por que? Porque Ele nos compromete. Lemos em Samuel que Davi quis construir o templo. Mas era Deus quem lhe construiria uma casa, uma família que permaneceria para sempre (2Sm 7,16). O salmo completa: “Para sempre no teu trono, firmarei tua linhagem” (Sl 88). A realeza de Davi continua em Jesus. Na anunciação do nascimento de Jesus, o Anjo diz: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu Pai  Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó e o seu reino não terá fim” (Lc 1,31-33). É pela ação do Espírito Santo que esta linhagem permanece e se estabelece no seio de Maria, sem participação do homem. Ele é o Filho de Deus. A virgindade de Maria não é só um aspecto espiritual pessoal, mas é a condição de todo o povo de Deus que se abre a sua ação para que se estabeleça em nós sua presença. A promessa é para todos. Deus não exclui ninguém, nem os que O excluem. A virgindade de Maria e a esterilidade de Isabel manifestam a ação de Deus que age por si.
Mistério manifestado
                    Quando João prega no deserto, o evangelista diz que o povo estava em ansiosa expectativa (Lc 3,15). Paulo chama de plenitude dos tempos (Gl 4,4). O anúncio do Anjo a Maria é a primeira grande manifestação da entrada de Deus no mundo, pois para Deus nada é impossível (Lc 1,37). Em Maria, se encontra toda a humanidade, pois o Filho de Deus não só se encarna em uma pessoa concreta, Maria, mas sua encarnação está na humanidade toda que, em Maria acolhe a divindade. João evangelista proclama: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós. E nós vimos sua glória” (Jo 1,14). A divindade não é mais o temível Deus, mas a tenra criança. “Vimos sua Glória”. Significa que, naquela criança está toda a divindade. Em Belém, na gruta do nascimento de Jesus, está escrito em uma estrela de prata: “Aqui o Verbo se fez carne”. Jesus não é uma idéia, é o Deus que se deixa tocar.
Eis a serva do Senhor!
               A aceitação de Maria abre uma nova época para a humanidade. É a última. A próxima etapa é o Reino definitivo entregue a Deus pelo Filho (1Cor 15,24). Maria pergunta ao Anjo como aconteceria essa encarnação. O coração humano sempre deseja compreender as ações de Deus. Maria assume e responde: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra (Lc 1,36). Que aconteça o que Deus quer e como Deus quer. A fé em Jesus deve acontecer de acordo com a vontade de Deus. Nós aderimos em cada missa à profissão de fé: “Creio em Jesus Cristo, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria e se fez homem” (creio). A atitude de servidão é a entrega da vida para que Deus continue sua presença no mundo. Assim entramos como parte da História da Salvação. Damos nosso amém, isto é, creio e vou ser fiel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário