O tempo do Advento celebra as duas vindas de Cristo:
Aquele que virá sobre as nuvens e o que veio sobre a palha. É a mesma dimensão
de encontro com “Aquele que vem”. A liturgia do Advento nos coloca na mesma
expectativa dos profetas, principalmente do profeta Isaias, pois rezamos na
oração da missa: “Nós vos pedimos, ó Deus, que nenhuma atividade terrena nos
impeça de correr ao encontro do vosso Filho” (Oração). Isto é o mesmo que dizer: “Nivelem-se os vales,
rebaixem os montes; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas” (Is. 40,4). O Advento nos remete ao sentimento de que um dia
esse mundo será melhor, a partir do momento em que as pessoas aceitam Jesus na
condição humana. Ele vem para implantar a paz, a justiça e o amor, como rezamos
no salmo: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sl 84). Todas as promessas têm sua realização no que João
anuncia. João é a síntese de todos os profetas: Anunciou a presença do Messias
e O acolheu como o enviado do Pai. O profeta Isaias anuncia, ao povo que estava
no exílio da Babilônia, uma libertação grandiosa como o Deus que vem a seu
encontro. Deus mesmo liberta seu povo. Por isso o profeta inicia com palavras
de conforto: “Consolai, consolai, meu povo... a servidão acabou e a expiação de
suas culpas foi cumprida” (Is 40,1.2).
É o novo Êxodo e, dessa vez, glorioso. No mundo atual, em meio a tantas
escravidões, podemos ouvir a voz do profeta e de João que preconizam tempos
novos de libertação. Cada Natal é a realização da libertação que vem de Deus
através de seu Filho, o pastor que carrega os cordeiros ao colo (11). Infelizmente os caminhos estão bem estragados. Na
Angola o povo cantava que estava difícil voltar para casa, pois o mato crescera
no caminho. Sua vinda é consolação para todos sofredores.
Correr
ao encontro de Jesus
Ir ao encontro de Cristo tem um endereço certo: a
pessoa do irmão. Irmão não é só o irmão de fé, mas todo homem e toda mulher,
pois todos são filhos e filhas de Deus.
Ele vem ao nosso encontro e nós O encontramos no irmão: “Agora e em todos os
tempos Ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana para que O
acolhamos na fé e O testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz
realização do seu Reino” (Prefácio).
João Batista é o exemplo e o pregador desta verdade, pois ele próprio era
desapegado de tudo e aberto para receber a Boa Notícia que é Jesus e comunicá-la.
Deus age na história na libertação do exílio, na vinda de Jesus e no Reino
presente no meio de nós. Para realizar essa missão e acolher e anunciar, como
fez João, temos que ter uma vida penitente e despojada. Só o deserto pode nos formar.
Julgar
os valores terrenos
Quais são os caminhos que devemos aplainar? O fiel
necessita neste tempo a capacidade de discernir o que é de Deus e onde firmar
sua esperança. Já temos por experiência que os bens terrenos são bons para
conquistar o Reino dos Céus pela caridade. Mas não são bons quando nos
conquistam. Jesus ensinou: “Fazei amigos com o dinheiro da iniqüidade, a fim de
que, no dia em que falar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos” (Lc 16,9). Esta paz vem “os que voltam ao Senhor seu coração!
(Id).
A Eucaristia será sempre a mestra que
ensina a julgar com sabedoria os valores terrenos e a colocar nossas esperanças
nos bens eternos” (Pós-comunhão). Nossa
vida prepara a vinda do Senhor a outros que vem.
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