segunda-feira, 19 de junho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus sempre passa”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Festa de Corpus Christi
            Por que fazemos essa festa diferente?  Quando fazemos a procissão de um santo levamos sua imagem pelas ruas reconhecendo que esse punhado de gesso traz a lembrança querida de um que viveu para Deus. Deus é glorificado em seus santos. Quando saímos em procissão com o Santíssimo Sacramento, a Eucaristia, não é uma lembrança; é uma presença. Nós cremos que a Hóstia Santa é o corpo e sangue de Cristo. É Cristo vivo. Na Quinta-Feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia, sacramento da salvação, pois é o Corpo e Sangue de Cristo que Se dá a nós em sua Morte e Ressurreição. Na Quinta-Feira de Corpus Christi (Corpo de Cristo) celebramos com os louvores devido o tão sagrado mistério de amor. Por que a Eucaristia é amor? Ela não é somente o Corpo e Sangue do Senhor, mas é memorial do amor com o qual Jesus Se deu a nós na Cruz. Por isso é redenção. Uma santa religiosa propôs que se fizesse essa solenidade para manifestar publicamente o amor que temos por tão grande sacramento. Se o levamos para as ruas é para que seja reconhecido e louvado dignamente. Nos séculos passados era um momento de glória. Ainda se enfeitam ruas com primor em determinadas cidades. Em outros lugares se abandonaram a prática e não há mais sinais festivos. As casas colocavam toalhas e flores nas janelas. As liturgias atualmente têm uma dimensão maior de participação. Não se deve, contudo, dispensar a intensidade do reconhecimento da presença de Cristo no Sacramento da Eucaristia. Há muitos modos de manifestá-la. Às vezes vemos que muitos estão se esquecendo que a Hóstia é Cristo vivo. Se fossemos firmes na fé, nosso procedimento seria diferente. Renovemos a presença daquele que Se fez por nós.
Acolher o Deus que passa
            A partir da noção de presença temos que superar dois aspectos: o temor do Antigo Testamento de um Deus que é intocável, e o acolhimento no sacro temor que acolhe com amor reverente. Não basta estar atentos somente ao Deus que passa em uma procissão, que poderia não existir, mas não se pode esquecer que nosso Deus é um eterno viajante, está sempre saindo ao encontro de todos. Ele chega sempre primeiro. Seria uma loucura se O víssemos ao vivo. Com esses olhos O vemos no outro, sobretudo no mais necessitado, não só de bens materiais, mas também dos bens espirituais. Essa presença requer sempre mais a abertura ao Deus que passa. Enriquece muito saber que em todos os fatos e pessoas está o Senhor. Isso não nos incomoda nem atrapalha. Jesus não é incômodo, como o foi em vida. Mesmo em choque com certo tipo de pessoas por sua prepotência, não cortou laços nem fechou portas. Vemos como tratou Judas que o traia: Chamou-o de amigo. Assim acolheu Pedro, assim nos acolhe sempre.
Você leva Deus
            Cantamos na bênção do Santíssimo “Bendito louvado seja!.. Fazei-nos, Virgem Maria sacrários vivos da Eucaristia”. Cantamos, mas não vamos a fundo nessa expressão. Somos portadores de Cristo por onde passamos. Isso implica para um aprofundamento da fé na presença de Cristo na Eucaristia. Se a Hóstia para mim, é algo puramente material, não podemos ir longe em nosso relacionamento com Ele. Se o temos como Pessoa, Ele torna-se sempre mais como presença. É um grande desafio superar a mera piedade descomprometida para buscar o compromisso com uma Pessoa que amamos e que temos consciência que está em nós e vai conosco. Não vamos pelo mundo com ovelhas perdidas, sem pastor. Ele permanece em nós e nós Nele. Como O levamos, levamos a Vida.

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