PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Jesus compadeceu-se das multidões”
Compaixão
é missão
Jesus, em seu
ministério, quis associar a Si, discípulos que pudessem exercer sua missão e
continuá-la. O discurso sobre a missão inicia-se com o chamamento dos doze apóstolos.
A seguir dá-lhes a instrução sobre como agir em sua missão da qual são
continuadores. A missão dos doze não nasce de um projeto feito em escritório.
Nasce do olhar compassivo de Jesus que “ao ver a multidão, teve compaixão dela,
porque estava cansada e abatida como ovelhas sem pastor” (Mt 9,36). Esse olhar
de quem ama e sabe se compadecer é a fonte, o móvel e a razão da missão. É esse
olhar compassivo que vai dar o modo de realizar esta obra redentora de Jesus.
Junto à compaixão de Jesus, encontramos seu pedido: “Pedi ao Senhor que envie
operários para sua colheita” (Mt 9,38). Por que Jesus pede que se reze para que Deus mande
operários? Ele não sabe? Dá a perceber que o Pai é quem sabe quem poderá
exercer a missão da compaixão para como os abandonados. Rezar pedindo operários
é um ato de fé que abre o coração para que a bondade de Deus continue sempre
presente, mesmo nessas coisas que são, às vezes, claras. Como Deus sempre chega
antes que possamos nos manifestar, o pedido por operários quer prevenir que a
multidões sofridas não fiquem sem socorro. Por isso quer escolher aqueles que
Ele quis. Quer operários formados na compaixão de Jesus. Nossas exigências
podem escolher operários que não realizem os planos de Deus.
Eis os nomes dos doze
“Estes são
os nomes dos doze apóstolos”. Trata-se personalização o fato de dizer os nomes.
Cada apóstolo tem seu nome e sua característica pessoal. O apóstolo não é um
número, não é uma empresa, não é um funcionário. Ele é o homem concreto que
assume com Jesus a missão. Cada um é único. O homem é chamado pelo nome e
conhecido na sua realidade com seus dons e defeitos. O grupo escolhido por
Jesus tem diversidade de pessoas e de caráter e condições. Aqui se dá uma pista
para nosso trabalho de formação de discípulos para a missão de Jesus: não
engessar todos no mesmo modelo. Temos essa tentação e até definição que todos
têm que realizar o mesmo programa e apresentar o mesmo padrão. Assim, muitos
não serão atendidos porque não há quem possa se reconhecer neles. A formação
dos operários do Senhor tem o mesmo padrão, fará a mesma obra, com os mesmos
princípios. Não foi assim que Jesus fez. Por isso podemos notar a falta de
operários para a messe. Pior, cresce o abandono de muitos. Quem sabe,
personalizando mais a formação, poderemos dar mais socorro aos que são diferentes.
Um Reino que chega
A missão do
apóstolo é anunciar a proximidade do Reino. O anúncio feito pelo discípulo é
mostrar ao mundo que Deus está perto. Isso será provado pelas curas que fazem
em nome de Jesus. Atinge o homem completo, em sua situação. O Reino só vai se tornar presente com nossa
ajuda, pois a eliminação da dor, da doença, da morte e do mal são indícios da
presença atuante do Reino de Deus, isto é, do mundo novo que Deus quer criar. É
necessário que esta pregação renove a condição humana. Uma das condições para
ser discípulo é ter o olhar compassivo de Jesus, pois somente assim podemos
fazer o que fazia. O que fortalece a fé dos discípulos é a certeza do amor de
Deus. Amor de Deus é o Reino. Este Reino não é uma teoria, mas um amor que é um
dom: “a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos
ainda pecadores” (Rm
5,8).
Leituras: Êxodo 19,2-6ª; Salmo 99; Romanos
5,6-11; Mateus 9,36-10,8
1.
A missão dos
doze discípulos não nasce de um projeto racional. E sim do olhar compassivo de
Jesus que “ao ver a multidão, teve compaixão dela”.
2.
“Estes são os nomes dos doze apóstolos”. Trata-se
personalização o fato de dizer os nomes. Cada apóstolo tem seu nome, sua
característica pessoal e missão particular.
3.
Uma das condições para ser discípulo é ter o olhar
compassivo de Jesus, pois somente assim podemos fazer o que fazia.
Emprego novo
O
povo do Antigo Testamento nos traz a experiência de ser povo de Deus. O que lhe
dá garantias é ouvir sua voz. Assim ele é uma nação santa. Jesus também está
sempre falando aos seus confiando-lhes os compromissos do Reino. Como no Antigo
Testamento constituiu um povo, agora constitui a base do novo povo que são os
doze apóstolos
Para
esse Reino ir adiante e se implantar, Jesus escolheu homens que fossem
continuação de sua missão e sua presença no mundo. São a nova nação santa e
reino de sacerdotes.
Essa missão é transformadora. Vão
eliminar o poder do mal que atinge a pessoa até em seu físico. Há tantos tipos
de doenças frutos do mal. Para essa missão escolhe homens simples, do povo e
cheios de boa vontade. São os doze apóstolos.
Por mais que tenhamos de organizar a
vida da Igreja e arranjar novos colaboradores, quem os dá é o Pai. Ele sabe quem é a pessoa certa para o
lugar certo. Por isso Jesus manda pedir: “A colheita é grande, mas os
trabalhadores são poucos. Pedi, pois ao dono que envie trabalhadores para sua
colheita” (Mt 9,37).
Não se trata somente de padres ou
bispos, mas também tantos leigos são chamados para assumirem grandes missões.
Tudo seja gratuito, pois recebemos de graça.
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