segunda-feira, 12 de setembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Amar é mais que gostar”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
1777. Amar é tornar-se amável
            Para falar de amor é preciso saber amar. Há uma grande distância entre o discurso sobre o amor e a verdade do amor. Os gestos do amor são expressões do amor. Por exemplo: Cristo na cruz é uma expressão ao demonstrar como se ama. “Ele nos amou até o extremo do amor” (Jo 13,1). Papa Francisco, em sua exortação apostólica “Amoris Laetitia – Alegria do Amor”, reflete sobre as qualidades do amor. Entre elas ensina a amabilidade como uma característica fundamental. O amor não age rudemente. Não é possível amar e ser grosseiro. “Seus modos, suas palavras e seus gestos são agradáveis. Não são ásperos nem rígidos... A cortesia é uma escola de sensibilidade e altruísmo” (AL 99). Ser cordial não é um jeito pessoal de alguns. Faz parte do amor, por isso ‘todo o ser humano está obrigado a ser afável com aqueles que o rodeiam’ (Idem). O amor, por ser total, atinge a pessoa toda em todas suas manifestações. É impossível amar se esse amor não é total. Desse modo é amar a si mesmo porque impõe limites ao amor. Quando um casamento termina, ouvimos: ‘quebrou o cristal’. Talvez nunca tenha existido amor. Amor não é gostar de alguém para si, mas gostar de alguém em tudo que há em si. É um ideal que se busca sempre mesmo em meio às dificuldades. Francisco conclui: “Diariamente entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa existência, exige a delicadeza de uma atitude não invasiva, que provoca a confiança e o respeito... E quanto mais íntimo e mais profundo for o amor, tanto mais exigirá o respeito pela liberdade e a capacidade de esperar que o outro abra a porta do seu coração”. Some-se que cada um tem seu tempo.
1778. Sair de si
                O olhar amável respeita o limite do outro. “Quem é antissocial pensa que os outros existem para satisfazer suas necessidades e, quando o fazem estão cumprindo seu dever”. Quem ama sai de si para reconhecer, incentivar, reconfortar, fortalecer estimular o outro. Lembramos o exemplo do pai que vai ao jogo de futebol do filho pequeno e torce com entusiasmo. Jesus agia assim: “Coragem, filho, teus pecados estão perdoados” (Mt 9,2). Para amar é preciso sair de si, como diz Paulo: “Não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros” (Fl 2,4). S. Tomás diz: “é próprio da caridade, do amor, mais amar do que ser amado” (S.Th II-II, q 27, Art 1). O fato de ter muito amor, não tem necessidade de procurar amor, mas sim levar amor. Não tem necessidade de ficar esperando recompensa (Lc 6,35), pois já tem muito, chegando mesmo a entregar a vida, sobretudo nas pequenas coisas do dia a dia. E também ser capaz de dar a vida pelos outros (Jo 15,13). Foi o que Jesus fez.  É seu princípio: “De graça recebestes, de graça deveis dar” (Mt 10,8).
1779. Coração sempre calmo

            Somos dados à fácil violência justificando nossa atitude. É a violência que habita em nós. Somos incontroláveis em nossas reações. Quem domina sobre nós? Há uma grande agressividade guardada dentro de nós. Ela não pode estar em nossas atitudes no relacionamento com os outros. Por que as coisas têm que ser assim, se podem ser de outro modo? O Papa Francisco lembra as palavras: “Não te deixes vencer pelo mal” (Rm 12,21). Ele é o exemplo da reação pacífica: nas violências do mundo diz que temos para oferecer o amor. Lembra que não devemos terminar o dia sem fazer as pazes. Que fazer? Um pequeno gesto de amor é suficiente. Quanto aos que nos fazem mal, o melhor é abençoá-los. É fundamental criar uma cultura de não ofender para não ter problemas para recuperar a paz. Desfazer uma confusão é mais difícil que promover o bom entendimento.

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