PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
735.Pão nosso de cada dia
A revelação que Jesus fez sobre seu Pai,
contrastava com os terríveis deuses pagãos que chegavam a exigir sacrifícios de
crianças. Era bem diferente da compreensão de Deus que o povo teve no Antigo
Testamento (Dt 5,9). É também diferente de
muitos modos de educar a fé do povo. Deus castiga, foi o refrão. Deus fica
sendo o ‘estraga’ prazer. Há muita gente que não crê em Deus por uma falsa
educação. Esse Deus acabou sendo um ‘estraga prazer’. Mas não é assim o Pai que
Jesus revela. O que Deus colocou em nós como satisfação humana é muito bom,
agradável, proveitoso e ótimo para construir o paraíso na terra e conquistar o
Paraíso do Céu. Se soubéssemos usar toda a alegria que aí colocou, seríamos
muito mais felizes. Deus nos quer felizes. É um Pai que se sacrificou mandando
seu Filho para nos dar a alegria completa. Ao refletirmos sobre as tentações de
Jesus, vemos que elas resumem tudo o que significa a tentação. Ali estão também
os caminhos da satisfação. Encontrar prazer nas coisas é mau? Não! Jesus não
coíbe o prazer, mas orienta o uso. Não satisfação pela satisfação, mas prazer
para a vida. São três realidades: os bens materiais, o poder e o prazer da
carne. Tudo é bom, mas nem tudo edifica, diz Paulo (1Cor 10,23). As riquezas, os bens materiais,
o pão fazem parte da vida. O que Deus quer é que tenhamos o pão de cada dia,
como rezamos, mas que não vivamos para o pão. É para usufruir ao máximo,
partilhando com os outros. Tudo é questão do equilíbrio. A ganância pelos bens,
que leva à exploração, não está no plano de Deus. Podemos querer ter sempre
mais, mas com o respeito ao direito do outro. É sabido que a mesquinhez produz
menos bens que a multiplicação que o amor oferece. Jesus fala de ter a
sabedoria de usar os bens terrenos para possuir os celestes (Lc 16,9). Jesus não
condena os bens, mas ensina a orientar seu uso pela Palavra (Mt 4,4). Lembremo-nos
da multiplicação dos pães. Se o menino negasse seus pãezinhos, ficaria com seus
7 pães, e centenas estariam com fome. Ele partilhou.
736.Maior é aquele que serve
Outro bem colocado em nós é a
capacidade de poder, de força, de comando, de grandeza pessoal. Nós crescemos
como sabedoria, personalidade, qualidades, liderança. Lutamos para dar rumo a
nossa vida e à vida do mundo. Queremos mandar e ter poder. Sempre houve
autoridade quando as pessoas se ajuntam. Deus fez isso. O problema é que as
pessoas querem, pelo orgulho, ser donos do destino dos outros, usar o poder em
proveito de si, praticar a violência, impor a própria vontade, praticar a
megalomania, querer viver de milagres e praticar o culto da própria
personalidade. Jesus é simples: para ser grande, é preciso usar o poder de
servir (Mt 20,28).Sua
própria vida, Ele a colocou como serviço e aí se faz Senhor (Jo 13,13-16). O maior
culto pessoal será colocarmo-nos a serviço.
737.Alegrai-vos sempre no Senhor
“Todos
os bens da terra te darei, se prostrado me adorares” (Mt 4,9). Não são os prazeres do mundo
que são o problema, mas a adoração, isto é, viver para isso. Maior prazer terá,
quem usar o prazer em sua forma completa, aquela que participa da alegria de
Deus: “Entra na alegria do teu Senhor!” (Mt 25,21). Deus não estraga prazer, mas
convida ao prazer completo, de corpo e alma. O prazer do corpo passa. Mas
quando fruído de corpo e alma, produz a completa realização da pessoa. E se
torna em uma fonte de prazer para todos. O prazer da carne, quando vivido em
Deus, nos faz mais maduros, completos e capazes de dar vida para os outros.
Quando vividos no egoísmo, gera a morte.
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