domingo, 25 de setembro de 2016

Homilia do 26º Domingo Comum (25.09.16)“Deus nos fez iguais”

 
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Esquecer do pobre é abandonar Deus!
S. Lucas faz uma reflexão sobre a vida da comunidade, acentuando hoje a problemática das desigualdades. Esse tema, tão antigo e tão atual, alerta para a desigualdade na comunidade. Uns não têm e outros consomem o que têm com inutilidades e vaidades, colocando sua esperança exclusivamente nos bens materiais sem se incomodar com os que sofrem. Por que somos diferentes? Jesus explica a diferença narrando a parábola do rico e do pobre Lázaro. Ela é um ensinamento e não um fato histórico. A descrição do rico retrata os grandes senhores de classe muito alta. Diante de sua porta está o pobre Lázaro chagado, doente, ferido pela miséria. Deseja comer os restos de comida, mas nem isso lhe davam. O profeta Amós, que conhecia o sofrimento do povo humilde, recrimina fortemente a vida desses nababos, não pelo que possuíam, mas por não se preocuparem com a ruína do povo. É um retrato da atualidade. Basta mudar a data do jornal que a notícia é atual. A mídia desperta no povo necessidades que o levam mais fundo ainda em seu sofrimento por não ter o que lhe é sugerido pela propaganda. É a frustração existencial. Será pobre, não só por ser pobre, mas por não ter o mesmo nível. Estimula as necessidades para se enriquecer à custa da ganância. A alta sociedade vende seu modelo. Este gera maior carência e aniquilamento humano. E continuam não se preocupando com a ruína do povo, como diz Amós (Am 6,6). Deus nos fez iguais. O mundo nos faz diferentes. Igualdade não é nivelar, mas buscar que todos tenham vida digna satisfazendo as necessidades básicas da pessoa humana.
Bem-aventurados os pobres de espírito
A continuação da parábola mostra a mudança de situação. Lázaro morre e é levado ao Céu (seio de Abraão). Morre o rico e é enterrado. Do meio dos tormentos vê Lázaro no Céu com Abraão. Então começa o diálogo. Pede que Abraão mande Lázaro. Agora ele o conhece. Antes não. Agora não é possível o intercâmbio. Abraão lembra que ele já teve vida boa, e Lázaro não. Agora os papéis mudaram. Ele sofre e Lázaro é feliz. O rico, como não pode merecer para si, pede que Abraão mande alertar os irmãos. O pai Abraão diz que só há um meio de converter-se: Ouvir a Palavra de Deus. Susto não converte. É preciso mudar o coração, ter uma vida coerente com a Palavra e ter um espírito de pobre, mesmo tendo muitos bens. Esse espírito é saber partilhar, pois os pobres têm mais dom de partilha em sua miséria que os grandes em sua ganância. É o que Paulo aconselha a Timóteo: “Tu que és um homem de Deus, procura a justiça... combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna” (1Tm 6,11-12).
Transformação do mundo pela Eucaristia
           A vida da comunidade na Eucaristia pode criar um modo de vida onde todos tenham e se orientem pela partilha como nos ensina a celebração eucarística. O pão partido e partilhado se multiplica. O amor multiplica e não divide.  Todos comemos do mesmo pão que nos põe em comunhão. Não haverá lázaros à porta querendo resto de comida nem ricos, que percam a vida por se fecharem em si mesmos. Há muitos modelos de reforma social. Jesus já apresentou o seu que não foi assumido. Participamos da Eucaristia com piedade e adoramos a presença preciosa do Senhor. Falta só fazer o que o Senhor quis nos ensinar com o sacramento da Eucaristia: partir e repartir. É certo que o culto deve ter dignidade, mas a dignidade do homem não pode ser esquecida.
Leituras: Amós 6,1a.4-7; Salmo 145; 1Timoteo 6,11-16; Lucas 16,19-31      
 
1.   As leituras apresentam o drama da desigualdade. Ricos que não tomam conhecimento do sofrimento do povo. Essa situação continua.

2.     Para conquistar a vida eterna é preciso conversão ouvindo a Palavra de Deus.

3.  A Eucaristia é um modo de transformar a realidade: partir e repartir.

                É chato ser rico

            Conhecemos a parábola do rico e do pobre Lázaro. Um vivia na abundância das festas e o pobre vivia na miséria da fome. Depois da morte os papéis se inverteram. O pobre está feliz no Céu e o rico sofrendo nas agruras do inferno.
            O rico que foi para o inferno pede socorro de Abraão, que significa ali a felicidade conquistada no Céu. Abraão lhe diz que não tem solução, pois não há como ter contato. Então ele pede que vá avisar a família. Abraão responde que a conversão não acontecerá, nem que apareça um morto. A conversão deve ser do coração, a partir de uma escolha definitiva a partir da Palavra de Deus.
            A primeira leitura mostra que os ricos que viviam despreocupados e na abundância não tinham futuro, pois serão levados para o exílio de sofrimentos. O problema não é porque que vivam bem, mas porque não se preocupam com a sorte do povo. O problema não é ser rico, mas não conhecer, pela conversão, a necessidade de cuidar dos pobres e carentes. Deus protege.

            Timóteo era um homem de Deus, vivia da fé e dava um belo testemunho. É o modelo da vida de quem quer realmente servir Jesus: combater o combate da fé e conquistar a vida eterna.

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