S. Lucas faz uma
reflexão sobre a vida da comunidade, acentuando hoje a problemática das
desigualdades. Esse tema, tão antigo e tão atual, alerta para a desigualdade na
comunidade. Uns não têm e outros consomem o que têm com inutilidades e
vaidades, colocando sua esperança exclusivamente nos bens materiais sem se
incomodar com os que sofrem. Por que somos diferentes? Jesus explica a
diferença narrando a parábola do rico e do pobre Lázaro. Ela é um ensinamento e
não um fato histórico. A descrição do rico retrata os grandes senhores de
classe muito alta. Diante de sua porta está o pobre Lázaro chagado, doente, ferido
pela miséria. Deseja comer os restos de comida, mas nem isso lhe davam. O
profeta Amós, que conhecia o sofrimento do povo humilde, recrimina fortemente a
vida desses nababos, não pelo que possuíam, mas por não se preocuparem com a
ruína do povo. É um retrato da atualidade. Basta mudar a data do jornal que a
notícia é atual. A mídia desperta no povo necessidades que o levam mais fundo
ainda em seu sofrimento por não ter o que lhe é sugerido pela propaganda. É a
frustração existencial. Será pobre, não só por ser pobre, mas por não ter o
mesmo nível. Estimula as necessidades para se enriquecer à custa da ganância. A
alta sociedade vende seu modelo. Este gera maior carência e aniquilamento
humano. E continuam não se preocupando com a ruína do povo, como diz Amós (Am
6,6).
Deus nos fez iguais. O mundo nos faz diferentes. Igualdade não é nivelar, mas
buscar que todos tenham vida digna satisfazendo as necessidades básicas da
pessoa humana.
Bem-aventurados
os pobres de espírito
A continuação da
parábola mostra a mudança de situação. Lázaro morre e é levado ao Céu (seio de
Abraão). Morre o rico e é enterrado. Do meio dos tormentos vê Lázaro no Céu com
Abraão. Então começa o diálogo. Pede que Abraão mande Lázaro. Agora ele o
conhece. Antes não. Agora não é possível o intercâmbio. Abraão lembra que ele
já teve vida boa, e Lázaro não. Agora os papéis mudaram. Ele sofre e Lázaro é
feliz. O rico, como não pode merecer para si, pede que Abraão mande alertar os
irmãos. O pai Abraão diz que só há um meio de converter-se: Ouvir a Palavra de
Deus. Susto não converte. É preciso mudar o coração, ter uma vida coerente com
a Palavra e ter um espírito de pobre, mesmo tendo muitos bens. Esse espírito é
saber partilhar, pois os pobres têm mais dom de partilha em sua miséria que os
grandes em sua ganância. É o que Paulo aconselha a Timóteo: “Tu que és um homem
de Deus, procura a justiça... combate o bom combate da fé, conquista a vida
eterna” (1Tm 6,11-12).
Transformação do
mundo pela Eucaristia
A vida da comunidade na Eucaristia
pode criar um modo de vida onde todos tenham e se orientem pela partilha como
nos ensina a celebração eucarística. O pão partido e partilhado se multiplica.
O amor multiplica e não divide. Todos
comemos do mesmo pão que nos põe em comunhão. Não haverá lázaros à porta
querendo resto de comida nem ricos, que percam a vida por se fecharem em si
mesmos. Há muitos modelos de reforma social. Jesus já apresentou o seu que não
foi assumido. Participamos da Eucaristia com piedade e adoramos a presença preciosa
do Senhor. Falta só fazer o que o Senhor quis nos ensinar com o sacramento da
Eucaristia: partir e repartir. É certo que o culto deve ter dignidade, mas a
dignidade do homem não pode ser esquecida.
Leituras: Amós
6,1a.4-7; Salmo 145; 1Timoteo 6,11-16; Lucas 16,19-31
1. As leituras apresentam o drama da
desigualdade. Ricos que não tomam conhecimento do sofrimento do povo. Essa
situação continua.
2.
Para
conquistar a vida eterna é preciso conversão ouvindo a Palavra de Deus.
3. A Eucaristia é
um modo de transformar a realidade: partir e repartir.
É chato ser rico
Conhecemos a parábola do rico e do
pobre Lázaro. Um vivia na abundância das festas e o pobre vivia na miséria da
fome. Depois da morte os papéis se inverteram. O pobre está feliz no Céu e o
rico sofrendo nas agruras do inferno.
O
rico que foi para o inferno pede socorro de Abraão, que significa ali a
felicidade conquistada no Céu. Abraão lhe diz que não tem solução, pois não há
como ter contato. Então ele pede que vá avisar a família. Abraão responde que a
conversão não acontecerá, nem que apareça um morto. A conversão deve ser do
coração, a partir de uma escolha definitiva a partir da Palavra de Deus.
A
primeira leitura mostra que os ricos que viviam despreocupados e na abundância
não tinham futuro, pois serão levados para o exílio de sofrimentos. O problema
não é porque que vivam bem, mas porque não se preocupam com a sorte do povo. O
problema não é ser rico, mas não conhecer, pela conversão, a necessidade de
cuidar dos pobres e carentes. Deus protege.
Timóteo
era um homem de Deus, vivia da fé e dava um belo testemunho. É o modelo da vida
de quem quer realmente servir Jesus: combater o combate da fé e conquistar a vida
eterna.
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