quarta-feira, 28 de setembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Nem tudo é dor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
747. A batalha do homem
               Jó é dado como exemplo do sofredor que chora suas desgraças. Lamenta-se  do sofrimento: “Não está o homem condenado a trabalhos forçados aqui na terra?” (Jo 7,1). Ao perguntarem como estamos, respondemos que está tudo mal. Temos a tendência de falar da vida pelo lado dos problemas, das dificuldades, das dores, das desilusões e dos fracassos. Como se diz brincando: Estando três pessoas de mais tempo na terra conversando, pode-se ter certeza que estão falando de doenças ou remédios. Sinal que queremos vida. Há modos melhores de falar sobre a vida. Será que nossas batalhas não foram mais ganhas que perdidas? Claro que os sorrisos não deixam as cicatrizes que deixam as cacetadas, mas dão mais vitalidade que as lamentações. A história da humanidade pode ser escrita com sangue e lágrimas. Há, contudo, muitas alegrias que são um lenitivo para os momentos mais difíceis. Não vamos desdenhar a dor e o sofrimento.. O grande convite do sol que ilumina o amanhecer é provocar auroras na vida. Já diz o provérbio: “Depois da tempestade vem a bonança” ou, “se Deus te dá um limão, faça dele uma limonada!”. Temos tempos de inverno, mas sempre surgem as flores da primavera. Onde as estações são mais definidas, podemos ver a força de uma primavera que vem depois de um duro inverno. A natureza explode em vida. Não podemos viver aquela espiritualidade de considerar o mundo “como um vale de lágrimas”, como rezamos na Salve Rainha. A vida está bem mais para o coração de Deus que fez para o homem um paraíso. Mesmo que o tenha perdido, poderá ser reencontrado.
748. Deus das festas
               Já refletimos a fonte da alegria que está em nós. O mal e o pecado não destroem as coisas boas que Deus nos deu. O que podemos compreender e aprofundar é o caráter alegre que há em nosso bom Deus. Os deuses pagãos eram considerados vingativos, cheios dos vícios que trazemos em nós. Não é esse o Deus de Jesus. Ele é um Deus festivo e tem um excelente humor, como nos escreve Bento XVI. Basta ver a criação. Quantas coisas criadas no mundo mineral, vegetal e animal que são, para nós, engraçadas. Quem não se encanta com a alegria dos filhotes dos animais, com a beleza das cores das aves e flores, com a variedade das plantas e as curiosidades. Quem não se encanta diante de uma criança? Na própria Bíblia, nós encontramos a enumeração das festas a serem celebradas. E se escreve: “É festa para o Senhor” (Ex 12,14). Deus associa o povo que criou a sua alegria. Jesus participava das festas religiosas e profanas, pois estava no casamento em Caná, ia às festas do templo diversas vezes, participava de banquetes. Houve santo a dizer que Jesus não ria, só sorria. Não é certo. Um homem que atraia crianças e fracos não era sisudo, era alegre.
749. Dever de se alegrar
               O que gastamos com as festas nem sempre é um desperdício. O calendário está sempre a nos convidar. A maldade ou pureza da festa está em nós que darmos o sentido de vida e de santidade de Deus ao fazermos festa. Estamos aí no tempo, como se diz, do reinado do Momo. Se muitas alegrias se pervertem é porque os bons não se interessam de se alegrar de coração e implantar a alegria de Deus no mundo. A parábola do filho perdido e encontrado nos conta: “Era preciso que fizéssemos festa, pois este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado” (Lc 15,31). A comunidade dos cristãos será melhor se as celebrações forem mais alegres e acolhedoras. 

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