Deus nos permite conhecer sempre mais seu
mistério através de meios tão simples e tão humanos, tão ao alcance de nossa
mão. É o que estamos refletindo na Exortação Apostólica do Papa Francisco, Amoris Laetitia – Alegria do amor. Esse
documento é um passo muito grande no conhecimento da moral matrimonial vista em
sua totalidade. Por enquanto estamos aprendendo os fundamentos. A partir do
número 120, passamos a conhecer mais ainda como crescer na caridade conjugal. A
graça do sacramento do matrimônio ilumina o amor que une os cônjuges. Temos que
ultrapassar a barreira do simplesmente humano e entrar no Divino que penetra a
realidade humana. Esse amor é total: “É uma união afetiva, espiritual e
oblativa, mas que reúne em si a ternura da amizade, a paixão erótica, embora
seja capaz de subsistir mesmo quando os sentimentos e a paixão enfraquecem” (AL
120).
Papa Francisco cita S. João Paulo II explicitando a grandeza do amor
matrimonial: “O Espírito que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem
e a mulher capazes de se amarem como Cristo amou” (FC
13).
Esta é a dimensão fundamental do matrimônio. Esse amor está unido ao amor com
que Cristo salvou a humanidade e nos uniu a Deus. É um amor de comunhão. Como a
união das três Pessoas Divinas forma a Unidade, assim o casal forma a unidade.
Sabemos que todos esses ensinamentos revelam a realidade, mas a verdade de cada
casal parece estar distante. Se houver esforço por compreender e buscar,
cresceremos sempre mais. Deus vai nos modelando
lentamente. O triste é não tomar conhecimento dessas verdades.
1784. Tudo em
comum
Quando há um casamento, tanto
noivos, como familiares e amigos não fazem uma projeção de algo provisório, uma
experiência ou até uma brincadeira de se casarem. O amor é intenso e atinge
toda a pessoa, não tem ares de provisório. Como é amor, é sempre eterno. A
primeira característica do amor é a “amizade maior”. Este termo é usado por
Aristóteles e Santo Tomás de Aquino. Essa amizade é “busca do bem do outro,
reciprocidade, intimidade, ternura, estabilidade e suma semelhança entre os
amigos que se vai construindo com a vida partilhada. No matrimônio acrescenta a
tudo isso uma exclusividade indissolúvel que se expressa no projeto estável de
partilhar e construir juntos toda a existência” (AL 123). O matrimônio
tem um segredo que o faz durar, como meus pais, 75 anos: “ser casado”. Exige um
desafio, começar sempre de novo e não viver no provisório. Ao se colocarem
o desejo de ser um para o outro totalmente, nada faltará no casamento. As
demais coisas, a vida faz.
1785. Amor de
paixão
Citando o Concílio, na Constituição
Gaudium et Spes, nº 50, Papa Francisco anota algo que supera a mentalidade de ver
o fundamento do matrimônio somente na procriação: “O matrimonio não foi instituído
só em ordem à procriação, mas para que o amor mútuo se exprima
convenientemente, aumente e chegue à maturidade”. O amor matrimonial tem o
aspecto totalizante, isto é, corpo e alma. Tudo o que é divino dado ao casal
concorre para que o amor seja total. Igualmente, tudo o que é humano, afetivo,
carnal e psicológico participa totalmente dessa maravilha. Não há casamento
somente espiritual nem só carnal. Se faltar um elemento, destrói-se o
sacramento. O espiritual enriquece o humano, como o humano faz a manifestação
do espiritual, como na pessoa de Jesus. Ele, em Si, explicita o sacramento do matrimônio
como união da Natureza Divina e Humana em Cristo.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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