quarta-feira, 14 de setembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Maternidade de Maria”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Deram-lhe o nome de Jesus
               Celebramos, no dia primeiro do ano, a Maternidade divina de Maria. Iniciamos ano de 2010 sob o olhar da Mãe de Deus. Contemplamos a cena dos pastores que visitam o presépio, o lugar onde estava o Menino. “Ali encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado num cocho” (Lc 2,16). Estavam maravilhados. O evangelho continua: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo Anjo, antes de ser concebido” (21). A circuncisão é o momento em que o menino entra para o povo de Deus. É herdeiro das promessas. O sangue da pequena intervenção, une-se ao sangue da aliança de Deus com seu povo. Pode assim prestar culto a Deus. Para Jesus é o momento em que recebe uma investidura em seu ministério de salvador do povo, pois seu nome indica a salvação dada por Deus como dissera o Anjo: “E o chamarás com o nome de Jesus” (Jesus = Jeshuá-jah) (Lc 1,31). Seu nome significa o Senhor é salvação. “Nascido de uma mulher” (Gl 4,4) Escreve Paulo. Por que era necessário que Jesus nascesse de uma mulher? Quem dá a raça, na tradição do povo judeu, é a mãe. Filho de hebréia é hebreu. Nasceu sob a lei. Deus se encarnou na condição de povo para resgatar o povo. Celebrando o Filho celebramos a Mãe que no-lo deu. Maria não criou Deus, mas o Filho que ela gerou é Deus, por isso, Mãe de Deus. Se afirmamos que não pode ser chamada Mãe de Deus e que ela é Mãe só da humanidade negamos que Jesus fosse Deus. Isso foi condenado no concílio de Éfeso iniciado no dia 7 de junho de 431. A humanidade e a divindade em uma só pessoa é nossa fé. A Igreja não declarou a Maternidade divina, mas reconheceu proclamando sua fé em Jesus Cristo, Homem-Deus.
Adoção filial
               Nesta celebração de começo de ano temos mais um pensamento que nos anima: Jesus, fazendo-nos irmãos, faz-nos filhos de Deus, dando-nos o Espírito que nos coloca em relacionamento filial com o Pai. Por isso, como Jesus, podemos dizer: Abbá, que quer dizer papai querido. Cria-se um novo modo de viver com o Deus do Antigo Testamento que vingava até a 4ª geração (Ex 5,20), para viver no colo do paizinho amoroso. A fé cristã se funda nessa revelação que Jesus faz de seu Pai. Ele tem um amor afetuoso para com seu Pai e o demonstrou em todas as suas atitudes. Quando esteve no mais profundo do abandono, soube jogar-se obediente nos braços deste Pai colocando n’Ele sua última esperança: Pai, nas vossas mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46). Maria demonstra esse mesmo afeto quando diz: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38). Acolhendo o que Deus lhe oferecia, torna-se Mãe do Filho de Deus e Mãe de todos os filhos de Deus.
Que o Senhor o abençoe!

               Iniciamos o ano com a segurança da bênção de Deus. Moisés manda que os sacerdotes abençoem o povo, invocando sobre eles a face de Deus. Dizemos que o primeiro dia do ano é dia da paz universal. A bênção de Moisés diz: o “Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Ex 6,26). A paz aqui invocada é o conjunto de todos os bens, tanto espirituais como materiais, possível a uma pessoa. É o Shalom de Deus. Nesta bênção está também o dom da contemplação, como fazia Maria, meditando os fatos no coração. Jesus é a bênção do povo. Amemos muito a Jesus neste ano. Ele é nossa paz (Ef 2,14).

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