PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1777.
Experiência de ser perdoado
O amor constrói um matrimônio
feliz. E o que o destrói? O Papa Francisco nos orienta em sua Exortação
Apostólica sobre o amor na família, Amoris Laetitia, Alegria do Amor. Espero
que essas reflexões simples tenham animado muitos a lerem diretamente o
documento do Papa e perceberem sua riqueza. Falando do amor, o Papa comenta o
texto de S. Paulo da Primeira Epístola aos Coríntios 13,4-7. É bonito ver como
retira de palavras tão simples, tanta sabedoria e tanto empenho. Na vivência
cristã podemos perceber que vamos viver bem com os outros, na medida em que
vivermos bem conosco mesmos. O que fazemos aos outros, nós o encontramos em nós.
O amor matrimonial nasce de Deus, mas passa pela pessoa para que possa atribuir
ao outro. Esse amor vivenciado é o que podemos oferecer. Papa Francisco analisa
o perdão explicando que quando absorvemos um mau sentimento, “ali ele fica
gravado”. O contrário é o perdão que procura compreender a fraqueza alheia e
encontrar desculpas (AL 105). O
ressentimento cria raízes. No matrimônio há o risco de acusar o outro de seus
defeitos. O segredo para evitar que um erro se transforme em um problema é cada
um procurar o próprio defeito e não acusar o outro. As Equipes de Nossa Senhora
usam esse método, que não é uma técnica, mas é fruto do amor. Evita que o erro
se transforme em uma batalha e o ressentimento se enraíze. Há uma frase triste
nos casamentos mal preparados: “Vou procurar meus direitos”. Melhor: vou rever
meus deveres. Há uma exigência de sacrifício. “Exige de cada um, diz o Papa,
pronta e generosa disponibilidade à compreensão, à tolerância, ao perdão, à
reconciliação” (AL 106).
1779. Perdoar-se
para perdoar
Somente quem se perdoa pode perdoar.
Não podemos nos esconder de nossos erros. Diz-se que a pessoa mais madura é aquela que
ri dos próprios erros. O Papa diz: “Sabemos que, para se poder perdoar,
precisamos passar pela experiência libertadora de nos compreendermos e
perdoarmos a nós mesmos” (AL 107). Perdoando-nos
e aceitando nossas limitações, seremos capazes de perdoar. O perdão tem sua
fonte no perdão Divino. Aceitando o perdão incondicional de Deus, poderemos
perdoar os outros. Essa capacidade de perdoar gera também a capacidade de se
alegrar. Nosso modo de viver egoísta não gosta da alegria dos outros. Para
alguns, gera a inveja e o desconforto. Sofremos quando vemos a alegria dos
outros. Mesmo que não digamos nada, somos corroídos porque o outro está acima.
Às vezes dizemos que a vingança a Deus pertence. Pior que isso, pois queremos
que Deus aja com os outros como nós agiríamos. Diz-se: “A vingança a Deus
pertence”. Deus vingue por mim. O contrário é Divino: alegrar-se com o bem do
outro.
1780. Quatro
esteios
Na Primeira Carta aos Coríntios
temos estas palavras: A caridade “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo
suporta” (1Cor 13,7). É estar contra
corrente da falta de amor. Desculpar é aceitar o outro e não dizer mal dele. Aí
entra a fofoca que o Papa sempre condena, pois sabe o mal que produz. Um fato
desagradável não é a totalidade do ser do outro (AL 113). O amor convive
com a imperfeição. A confiança é ter fé no outro. Fé aqui não é a virtude da
fé. Não há julgamentos nem suspeitas. Há sinceridade e transparência. Assim dá
esperança de futuro. Tudo espera. As limitações podem mudar. Confia-se na
futura ressurreição. Suporta as contrariedades. É amor, que apesar de tudo não
desiste. No outro, mesmo na dificuldade, vê a imagem de Deus. O importante é
romper a cadeia do ódio. Isso faz forte um matrimônio. O amor, apesar de tudo
não desiste (AL 117-119)
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