segunda-feira, 19 de setembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “A força está em nós”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
1777. Experiência de ser perdoado
            O amor constrói um matrimônio feliz. E o que o destrói? O Papa Francisco nos orienta em sua Exortação Apostólica sobre o amor na família, Amoris Laetitia, Alegria do Amor. Espero que essas reflexões simples tenham animado muitos a lerem diretamente o documento do Papa e perceberem sua riqueza. Falando do amor, o Papa comenta o texto de S. Paulo da Primeira Epístola aos Coríntios 13,4-7. É bonito ver como retira de palavras tão simples, tanta sabedoria e tanto empenho. Na vivência cristã podemos perceber que vamos viver bem com os outros, na medida em que vivermos bem conosco mesmos. O que fazemos aos outros, nós o encontramos em nós. O amor matrimonial nasce de Deus, mas passa pela pessoa para que possa atribuir ao outro. Esse amor vivenciado é o que podemos oferecer. Papa Francisco analisa o perdão explicando que quando absorvemos um mau sentimento, “ali ele fica gravado”. O contrário é o perdão que procura compreender a fraqueza alheia e encontrar desculpas (AL 105). O ressentimento cria raízes. No matrimônio há o risco de acusar o outro de seus defeitos. O segredo para evitar que um erro se transforme em um problema é cada um procurar o próprio defeito e não acusar o outro. As Equipes de Nossa Senhora usam esse método, que não é uma técnica, mas é fruto do amor. Evita que o erro se transforme em uma batalha e o ressentimento se enraíze. Há uma frase triste nos casamentos mal preparados: “Vou procurar meus direitos”. Melhor: vou rever meus deveres. Há uma exigência de sacrifício. “Exige de cada um, diz o Papa, pronta e generosa disponibilidade à compreensão, à tolerância, ao perdão, à reconciliação” (AL 106).
1779. Perdoar-se para perdoar
            Somente quem se perdoa pode perdoar. Não podemos nos esconder de nossos erros.  Diz-se que a pessoa mais madura é aquela que ri dos próprios erros. O Papa diz: “Sabemos que, para se poder perdoar, precisamos passar pela experiência libertadora de nos compreendermos e perdoarmos a nós mesmos” (AL 107). Perdoando-nos e aceitando nossas limitações, seremos capazes de perdoar. O perdão tem sua fonte no perdão Divino. Aceitando o perdão incondicional de Deus, poderemos perdoar os outros. Essa capacidade de perdoar gera também a capacidade de se alegrar. Nosso modo de viver egoísta não gosta da alegria dos outros. Para alguns, gera a inveja e o desconforto. Sofremos quando vemos a alegria dos outros. Mesmo que não digamos nada, somos corroídos porque o outro está acima. Às vezes dizemos que a vingança a Deus pertence. Pior que isso, pois queremos que Deus aja com os outros como nós agiríamos. Diz-se: “A vingança a Deus pertence”. Deus vingue por mim. O contrário é Divino: alegrar-se com o bem do outro. 
1780. Quatro esteios

            Na Primeira Carta aos Coríntios temos estas palavras: A caridade “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta” (1Cor 13,7). É estar contra corrente da falta de amor. Desculpar é aceitar o outro e não dizer mal dele. Aí entra a fofoca que o Papa sempre condena, pois sabe o mal que produz. Um fato desagradável não é a totalidade do ser do outro (AL 113). O amor convive com a imperfeição. A confiança é ter fé no outro. Fé aqui não é a virtude da fé. Não há julgamentos nem suspeitas. Há sinceridade e transparência. Assim dá esperança de futuro. Tudo espera. As limitações podem mudar. Confia-se na futura ressurreição. Suporta as contrariedades. É amor, que apesar de tudo não desiste. No outro, mesmo na dificuldade, vê a imagem de Deus. O importante é romper a cadeia do ódio. Isso faz forte um matrimônio. O amor, apesar de tudo não desiste (AL 117-119)

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