PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Mais que um milagre
Celebramos,
no primeiro domingo do Tempo Comum, o Batismo do Senhor. A celebração do 2º
domingo tem um ensinamento que não é levando em conta: Lemos, sempre neste
domingo, o evangelho de João e não o evangelista do ano corrente, neste ano
Lucas. Estamos, ainda, na temática da Manifestação. Neste ano lemos o evangelho
da festa de casamento em Caná. Ali se lê: “Este foi o início dos sinais de
Jesus. Ele o realizou em Caná e manifestou a sua glória e seus discípulos
creram nele” (Jo 2,11). Jesus se manifesta
aos discípulos. Sua presença entre nós realiza a nova aliança. A história da
salvação é vista como o matrimônio de Deus com seu povo. Jesus é o esposo que
dá a novidade da vida. Ele dá o vinho novo, expressão do amor. Não se trata de
um casamento, mas da união de Deus com seu povo e cada um que se realiza como
um matrimônio onde se serve um vinho melhor. O profeta Isaias fala nesta
linguagem: “Como a noiva é a alegria do
noivo, assim também tu és a alegria de teu Deus (Is. 62,5). A grande verdade sobre o amor de
Deus-esposo é que Ele não abandona seu povo, mesmo quando este o abandonou. O
novo relacionamento de Deus como seu povo não se faz na lei vazia, como as
talhas, mas com um Espírito Novo, que dará um novo sentido à festa da união de
Deus com seu povo em Jesus. Por aí vemos a verdade da encarnação: Este
matrimonio se realiza na pessoa de Jesus, na união da natureza humana e a
natureza divina. Por que Maria é lembrada neste momento importante do início
dos sinais (milagres) de Jesus? O evangelho não conta uma historinha. A Mãe de
Jesus simboliza a esposa fiel do Antigo Testamento que está presente na hora da
manifestação de Jesus. Representa o povo que permaneceu fiel. Deus é fiel a sua
esposa, o povo. Por isso ela dirá: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). O povo
dissera: “Faremos tudo o que o Senhor disser” (Ex 19,8). A nova aliança tem a lei nas
palavras de Jesus. E estas palavras modificarão o coração dos discípulos que
crêem e dão glória (11).
Bebendo do mesmo Espírito.
O
Espírito é o vinho novo que Jesus dá como no dia de Pentecostes. Todos pareciam
bêbados. O Espírito existia, mas ainda não fora dado. As talhas que estavam
vazias são um símbolo. A água abundante que enche as talhas lembra o Espírito
que foi dado a todos que crêem: “De seu seio jorrarão rios de água viva. Ele
falava do Espírito que, deviam receber os que n’Ele cressem” (Jo 7,38-39). O
Espírito é doado para o bem de todos. Ele distribui seus dons como lhe apraz (1Cor 12,11). A
riqueza da comunidade não é o acúmulo de bens, mesmo que sejam espirituais, mas
a circulação dos dons para o bem de todos. Aliança antiga se esvaziara pela
falta de fé. A nova aliança se funda no dom de Jesus.
Um novo modo de viver
Crer
em Jesus significa estabelecer com Ele uma aliança diferente baseada no amor.
Deus amor ama com amor de esposo apaixonado. Isaias diz: “Como a noiva é a
alegria do noivo, assim tu serás a alegria de teu Deus” (Is 62,5). A fé cristã não é só a
aceitação de uma doutrina, mas acolher o amor como em um matrimônio. Maria,
como em Caná, entra em nossa vida para que esse amor entre nós e o Filho, não
se esvazie, mas seja sempre novo, como o vinho. Indica que façamos o que Ele
manda. Em cada eucaristia reafirmamos nossa fé e realização a comunhão de amor.
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