quarta-feira, 21 de setembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Servindo o vinho bom”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Mais que um milagre
               Celebramos, no primeiro domingo do Tempo Comum, o Batismo do Senhor. A celebração do 2º domingo tem um ensinamento que não é levando em conta: Lemos, sempre neste domingo, o evangelho de João e não o evangelista do ano corrente, neste ano Lucas. Estamos, ainda, na temática da Manifestação. Neste ano lemos o evangelho da festa de casamento em Caná. Ali se lê: “Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná e manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele” (Jo 2,11). Jesus se manifesta aos discípulos. Sua presença entre nós realiza a nova aliança. A história da salvação é vista como o matrimônio de Deus com seu povo. Jesus é o esposo que dá a novidade da vida. Ele dá o vinho novo, expressão do amor. Não se trata de um casamento, mas da união de Deus com seu povo e cada um que se realiza como um matrimônio onde se serve um vinho melhor. O profeta Isaias fala nesta linguagem: “Como  a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria de teu Deus (Is. 62,5). A grande verdade sobre o amor de Deus-esposo é que Ele não abandona seu povo, mesmo quando este o abandonou. O novo relacionamento de Deus como seu povo não se faz na lei vazia, como as talhas, mas com um Espírito Novo, que dará um novo sentido à festa da união de Deus com seu povo em Jesus. Por aí vemos a verdade da encarnação: Este matrimonio se realiza na pessoa de Jesus, na união da natureza humana e a natureza divina. Por que Maria é lembrada neste momento importante do início dos sinais (milagres) de Jesus? O evangelho não conta uma historinha. A Mãe de Jesus simboliza a esposa fiel do Antigo Testamento que está presente na hora da manifestação de Jesus. Representa o povo que permaneceu fiel. Deus é fiel a sua esposa, o povo. Por isso ela dirá: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). O povo dissera: “Faremos tudo o que o Senhor disser” (Ex 19,8). A nova aliança tem a lei nas palavras de Jesus. E estas palavras modificarão o coração dos discípulos que crêem e dão glória (11).
Bebendo do mesmo Espírito.
               O Espírito é o vinho novo que Jesus dá como no dia de Pentecostes. Todos pareciam bêbados. O Espírito existia, mas ainda não fora dado. As talhas que estavam vazias são um símbolo. A água abundante que enche as talhas lembra o Espírito que foi dado a todos que crêem: “De seu seio jorrarão rios de água viva. Ele falava do Espírito que, deviam receber os que n’Ele cressem” (Jo 7,38-39). O Espírito é doado para o bem de todos. Ele distribui seus dons como lhe apraz (1Cor 12,11). A riqueza da comunidade não é o acúmulo de bens, mesmo que sejam espirituais, mas a circulação dos dons para o bem de todos. Aliança antiga se esvaziara pela falta de fé. A nova aliança se funda no dom de Jesus.
Um novo modo de viver

               Crer em Jesus significa estabelecer com Ele uma aliança diferente baseada no amor. Deus amor ama com amor de esposo apaixonado. Isaias diz: “Como a noiva é a alegria do noivo, assim tu serás a alegria de teu Deus” (Is 62,5). A fé cristã não é só a aceitação de uma doutrina, mas acolher o amor como em um matrimônio. Maria, como em Caná, entra em nossa vida para que esse amor entre nós e o Filho, não se esvazie, mas seja sempre novo, como o vinho. Indica que façamos o que Ele manda. Em cada eucaristia reafirmamos nossa fé e realização a comunhão de amor.

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