A
beleza não tem sido tema de reflexão sobre a espiritualidade. Pouco se fala da
beleza como caminho de santidade. Conhecemos o que se diz sobre a beleza da
alma pura, a beleza do Céu e da graça. Contudo, Deus não nos fez só puros
espíritos, mas um corpo de carne e osso, unido a uma alma. Deus nos fez
maravilhosos. O salmo elogia a beleza do rei: “És o mais belo dos filhos dos
homens”; Da rainha diz: “Que o rei se apaixone por tua beleza” (Sl 45,3.12). O amor
desenha em nós a beleza. Assim, o amor de Cristo pelas pessoas, sua dedicação o
coroavam de uma beleza esplendorosa como vimos na Transfiguração. Os discípulos
presentes à Transfiguração ficaram encantados com a beleza de Cristo em sua
imagem de ressuscitado. A beleza do mundo mostra o quanto Deus é belo. Podemos
rezar: meu Deus bonito! Como seriam Jesus, Maria, José? Não podemos nos fixar
em modelos de pinturas. Que podemos imaginá-los? Ele tinha o tipo de seu povo,
sofrido como todos os povos, poucas condições de vida, terra de muito sol e
trabalho pesado. Ele vivia no sol. Maria, mulher do povo era como as nossas
mães. As rugas de Maria, em sua idade madura, estão nas faces de nosso povo. Não
a faz feia, a faz amada. Deus usa a beleza para conhecê-lo melhor, assim, a
pintura, a escultura, a música, a arquitetura, a dança, o cinema e TV são
instrumentos que falam da beleza do Criador. Certamente pensamos no Cristo
crucificado, machucado, sujo de sangue não era belo. O profeta Isaias refere-se
ao Servo sofredor: “Ele não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o
nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar” (Is, 53,2). A beleza é outra: A cruz é o
trono do Rei Jesus crucificado. Essa beleza nos santifica e por ela conhecemos
a beleza de Deus.
751. Deus nos fez belos
Todas
as pessoas são belas. Todo ser, em si mesmo, é belo (omne ens in se pulchrum). Este
é um princípio da filosofia. A beleza que privilegiamos, no momento, é produzida
e imposta à pessoa. Todo ser, em toda idade e condição tem uma beleza própria
que pode nos encantar e mostrar o rosto de Deus. Temos que fugir dos estereotipos,
modelos, padrões de beleza. Na verdade é uma forma de exploração econômica. Essa
beleza imposta não enriquece o ser humano. Vemos a beleza do ancião, da
criança, do doente, que mesmo desfigurado, traz em si o rosto de Jesus
sofredor. Somos convidados a aceitar a própria realidade como o melhor que
exista. Certamente podemos cuidar, regular a alimentação, cuidar da saúde,
fazer exercícios e cuidar da limpeza. Mas não podemos ir na onda. É bom aproveitar
os dons pessoais para o bem.
752. Recuperação da beleza
A
beleza da pessoa humana está em seu interior alimentado pela da presença
divina. Participamos da beleza de Deus: “Foram dadas as preciosas e
grandíssimas promessas, a fim de que assim vos tornásseis participantes da natureza divina” (2Pd 1,4). Temos a transparência da graça
como uma luz que vem do interior. Que bom se pudéssemos ser atentos a isto.
Nossa missão é recuperar a beleza que Deus colocou em cada pessoa como
expressão de seu amor e da participação de sua vida. Temos defeitos. Eles não
nos fazem piores; são nossa marca registrada. O que nos faz belos é a luta para
servir, mesmo sendo fracos, para que Deus transpareça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário