domingo, 11 de setembro de 2016

Homilia 24º Domingo Comum (11.09.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“A misericórdia refaz a vida! 
 Encontrei misericórdia
            A liturgia da Palavra deste domingo é uma síntese da condição humana marcada pela fragilidade e pelo pecado como vemos na parábola da ovelha extraviada, da moeda perdida, do povo pecador que faz um bezerro de ouro e de um apóstolo que confessa sua antiga situação de pecador. Por outro lado, é uma demonstração estupenda de um Deus misericordioso que acolhe, perdoa e restaura. Este é o retrato do Pai que Jesus apresenta nesta parábola. Assim, Ele agiu e ensinou a agir. Paulo, em sua trajetória espiritual, faz a passagem de uma fé que o levava a perseguir os que acreditavam em Jesus para uma experiência profunda da misericórdia de Deus. As leituras deste domingo então centradas no binômio pecado do homem e misericórdia de Deus. O povo no deserto fez um bezerro de ouro. Deus se irritou e quis destruí-lo. Moisés lembrou a Deus seu compromisso de aliança. Deus perdoou. A ovelha que se extraviou é procurada com carinho. E, depois de encontrada, é carregada nos ombros. Jesus centraliza todo seu ensinamento na misericórdia porque ela é a atitude do Pai para com os que se arrependem e voltam.
Misericórdia é atitude de vida
               A parábola de Jesus da ovelha perdida e reencontrada é uma resposta às críticas dos fariseus que acusavam Jesus de se misturar com os pecadores fazendo-se igual a eles.  Tomar a refeição juntos é se igualar. Jesus então responde com a parábola. Como os fariseus, nossas comunidades correm o risco de se organizarem só para os que são bons e já “estão salvos”. Tudo o que fazemos é para os que já têm tudo. É o momento, e Papa Francisco insiste nesse ponto, de sairmos ao encontro dos necessitados mostrando através de nossas atitudes, a misericórdia de Deus. As exigências que fazemos ao povo simples e aos pecadores (difícil saber quem é o pecador, se eles ou nós), demonstram claramente que não entendemos a mensagem de Jesus. Deste modo a Igreja perde o sentido de sua missão. Padres, bispos e pessoas de responsabilidade na comunidade que não têm misericórdia, devem se lembrar que eles também precisam dela, pois todos somos pecadores e Deus é misericordioso para com todos. É bom que as pessoas sintam através, das pessoas da Igreja, a misericórdia que ela tem como missão.
Buscando as ovelhas
 Mais ainda: Jesus não só acolhe, como vai procurar as ovelhas perdidas pelos penhascos do mal. A misericórdia não é só um sentimento, mas uma atitude de vida e um modo de Deus agir. Jesus diz: “Eu vim buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10). Temos a experiência de uma religião que recebe os que vêm e não vamos atrás dos que não vêm. Isso deixou as massas simples e pobres no abandono e vítimas de espertos.  A religião se concentrou nos centros da cidade, que na verdade não têm uma população religiosa. Por estarem bem na vida, não precisam de Deus. Pior ainda quando querem dominar a instituição religiosa a seu favor. É o momento de buscar não uma ovelhinha perdida, mas rebanhos inteiros. As igrejas se esvaziam. É preciso mudar os métodos pastorais para ir ao encontro e a pôr-se a serviços dessas populações. Jesus era criticado por misturar-se com os pecadores. Essa busca dos pobres e dos fragilizados pelo pecado deve envolver toda a comunidade, não somente os “padres”. Esses também devem fazer essa opção, e mais que os outros. Toda a comunidade é responsável para que a missão de Jesus chegue a todos.  Isso é a santidade que vai nos salvar.
Leituras: Êxodo 32,7-11.13-14; Salmo 50; 1Timóteo 1,12-17; Lucas 15,1-32
 
1.   Jesus se mistura com os pecadores para levar-lhes a misericórdia do Pai. A Palavra nos mostra a fragilidade e a misericórdia de Deus para com os pecadores.

2.  Misericórdia é uma atitude. É fundamental acolher os necessitados. Temos rebanhos inteiros perdidos.

3.  Jesus não só acolhe como vai também atrás das ovelhas perdidas. Isso deve ser um método pastoral. 
                       
            Sujando-se para limpar

            Essa é a atitude de Jesus quando é criticado por se misturar com os pecadores e fazer refeição com eles. Fazer refeição significa fazer-se igual. Jesus explica que essa é a atitude de Deus Pai ao enviá-lo ao mundo. Não veio para cuidar de ovelhas gordas e sadias, mas para buscar as perdidas.
            Em sua encarnação Ele se misturou com nossa humanidade falha e toda lambuzada pelos males que carregamos. Isso não o fez menor.  Ele veio buscar os pecadores. Conta então a parábola da ovelha perdida. Uma ovelha perdida está totalmente perdida, pois é um animal frágil e sozinho não se resolve. É como uma moeda de prata, ou dizemos, uma jóia. Se não vamos atrás, é certo que ela não vai nos procurar. É preciso ir buscar o que estava perdido. Os perdidos somos nós. Ele nos procurou de todos os modos.
            O povo de Deus no deserto fez um bezerro de ouro porque Moisés já havia tempo que subira a montanha para falar com Deus e não voltava. O povo se perdeu na idolatria. Moisés intercede pelo povo para que não seja condenado nem destruído.
            Paulo não era um distante de Deus. Não era malvado, mas perseguia a Igreja de Deus. Não queria saber de Jesus. E Jesus foi atrás dele. A graça misericordiosa de Deus sempre é maior. Essa parábola da ovelha perdida é uma lição para nós. O método pastoral das comunidades e das paróquias é sempre cuidar das gordinhas e deixar ao lobo as que se extraviaram. O que se faz pelos “pecadores”, pelos “pobres”? Não nos misturamos. Não sujamos as mãos pelos necessitados. Por isso tanta gente perdeu o rumo da Igreja.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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