segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Nascer para uma esperança viva”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Efusão do Espírito
            Após a Ressurreição, Jesus vai ao encontro dos discípulos reunidos no Cenáculo. Havia medo, tristeza e desesperança. E, de repente, Jesus está ali, vivo. Depois de termos contemplado a Ressurreição, passamos agora a ver a vida da comunidade dos ressuscitados. Reunidos, acolhem Jesus. João evangelista não faz uma narrativa cronológica, mas ensina-nos a compreender a Ressurreição e sua relação com a comunidade. João coloca no dia da Ressurreição, o primeiro dia da semana. É o primeiro dia do novo mundo. Nele se dá a efusão do Espírito. Isso não contradiz o que dizem os outros textos sobre a vinda do Espírito 50 dias após a Ressurreição, pois João fala do Mistério como um todo e não narra fatos em seqüência histórica. É a inauguração de tempo novo de Deus. Jesus aparece e mostra as mãos e o lado aberto pela lança. O Ressuscitado é o mesmo que fora crucificado. Ele permanece sempre em sua entrega ao Pai pelo mundo. Os discípulos, que recebem o sopro do Espírito Santo, são a nova criatura redimida. A comunidade dos discípulos, sempre que reunida, constitui o Cenáculo onde se manifesta o Ressuscitado que dá o Espírito. O Espírito forma a comunidade para que ela constitua sempre o lugar privilegiado para a Escuta da Palavra, para a Comunhão Fraterna, para Eucaristia (fração do pão) e para a Oração. Por isso os mártires dirão: “Não podemos viver sem o domingo”. Ele é o dia de o Senhor se manifestar na comunidade. A força da Ressurreição não está somente em Jesus que vence a morte, mas está também na comunidade. A comunidade vive na esperança, “pois sem O ver ainda, nEle acreditais” (1Pd 1,8). A esperança é a certeza de que se realizam as promessas futuras. O discípulo alegra-se, como os discípulos ao verem o Senhor.
Como o Pai me enviou, eu vos envio
            Naquela noite Jesus apareceu aos discípulos, pôs-se no meio deles e disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). A comunidade recebe o Espírito para o anúncio da missão de reconciliação. Para enviá-los, soprou sobre eles, como Deus soprara sobre o homem que fizera do barro, tornando-o alma vivente (Gn 2,7). Soprando sobre os renascidos, dá-lhes o Espírito que lhes mantém viva a fé na esperança. O discípulo é associado à missão do Ressuscitado na força do Espírito. Quem recebe o discípulo, recebe a Cristo. “Quem vos recebe, a mim recebe e recebe Aquele que me enviou” (Lc 10,16), dissera Jesus . Recebe também toda economia da salvação, isto é, tudo o que Deus fez para nos salvar. Cada celebração da comunidade é presença do Ressuscitado, efusão do Espírito e envio à missão. Ela será também o local onde, vigilantes, esperamos sua vinda gloriosa. 
A comunidade vive a fé no Ressuscitado.
A comunidade é o Cenáculo onde o Cristo pode vir e fazer-se presente. A manifestação do Ressuscitado provoca a fé dos discípulos. A profissão de fé de Tomé é a maior: “Meu Senhor e Meu Deus”! É a primeira vez que Jesus é chamado de Deus, fora do prólogo do Evangelho de João. A comunidade reunida é o lugar próprio para o acolhimento do Ressuscitado na fé. Crer em Jesus é um dom do Espírito. Os discípulos que não viram Jesus, creem porque aceitaram os sinais que Jesus fez para que acreditassem. Todos os que creem, sem ter visto, são felizes, isto é, realizam em si a plenitude da fé, na esperança. A celebração pascal acende nossa fé em Cristo e em sua manifestação na comunidade.

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