Por
onde todo mundo passa, há sempre uma criança. Onde há uma criança, a vida
sempre renasce. Uma criança é sempre uma para nossas vidas. Isso rezamos na
oração da missa do Natal: “Ó Deus, que fizestes resplandecer esta noite santa
com a claridade da verdadeira luz” (oração). A liturgia de Natal é muito rica e oferece ricos
ensinamentos sobre o nascimento de Jesus. Apresenta os fatos e nos ensina a ver
neles a benignidade de nosso Deus que, para mostrar seu amor, se encarna e
nasce como uma criança. Ver o Deus Menino, deitado sobre o capim num cocho é
ver a maior libertação da humanidade. Que liberdade maior que começar a salvação
do mundo sem a mínima pretensão, nascendo na simplicidade? É uma escola
magnífica. O Deus de nossa fé oferece amor e não impõe. Não temos coragem de
acolher o Deus que nasce como uma criança. É fundamental, pois foi assim que
tudo começou. Rios de tinta já correram para explicar os mistérios de Deus.
Deus mesmo só deu um bilhete: “Encontrareis um recém-nascido, envolvido em
faixas, deitado num cocho” (Lc 2,12). Sobre o capim, dentro de um cocho. Tudo indica que,
se voltarmos a Belém, lá entre os animais, poderemos compreender as delicadezas
do amor de Deus. Tudo que falamos e ensinamos está certo, mas deixamos de lado
a ternura do amor. João, em seu evangelho, se encanta com esse mistério e diz
que o “Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Habitar vai além de morar. Deus se
fez vida de gente como a gente que O cercava. Em tudo foi humano, menos no
pecado (Hb 4,15).
Valoriza o ser humano como possível de ter o que é de Deus. Assim foi Jesus,
Natureza Humana e Divina. A cena do presépio deve impregnar nossos corações.
1667.
Aqueles que O acolheram...
Os
pastores são os primeiros visitantes. Atrás deles se forma a grande massa da
humanidade que vive as mesmas condições e acolhe com a mesma alegria Aquele que
vem responder a todas as suas esperanças. Ao canto dos Anjos se junta o encanto
dos pastores. De longe, tudo tão belo. De perto, tudo tão simples. Depois que
os Anjos os deixaram, os pastores disseram entre si: “Vamos a Belém, e vejamos
o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer” (Lc 2,15). Vêem como lhes fora anunciado.
E contaram o que lhes fora dito a respeito do Menino. “Maria conservava todos
esses acontecimentos e os meditava em seu coração”(19). Os que acolhem Jesus fazem dentro de si
um laboratório que transforma em vida o que receberam por gestos e palavras.
Por isso voltam glorificando e
louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido. O acolhimento se faz no
coração depois de contemplar os fatos. Esse é o caminho da fé: crer é acolher e
levar ao coração.
1668.
Receberam a graça
Somente
vamos participar da Salvação que Jesus nos trouxe se assumirmos seu jeito de
ser: humildade e alegria. Vamos a Belém. Não precisamos entender. O mistério
não se entende, se acolhe. Basta fazer como Ele fez. Temos dois caminhos, como
Jesus fez: deixou a aparência de sua divindade para ir ao encontro do outro. Para isso,
assumiu a humildade, a simplicidade e a ternura. O acolhimento é a fonte de
todas as graças, como nos escreve João: “De sua plenitude todos nós recebemos
graça sobre graça” (Jo
1,16). Graça é o grande abraço do Deus que Se abaixa
para mostrar sua ternura que é expressa na pessoa e nos gestos de Jesus. Natal
é graça. Sem Jesus, ele perde sua graça. Voltemos para casa encantados com a
graça de Deus manifestada em Jesus.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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