sábado, 26 de dezembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Vida de ressuscitados”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
509. Vós que ressuscitastes com Cristo
            Terminamos as celebrações pascais e entramos agora no tempo pascal. São 50 dias de celebrações. Santo Atanásio diz que é um grande domingo de 50 dias. O mistério é tão grande que necessitamos um tempo maior para conhecê-lo e penetrá-lo. Em toda a reflexão do Mistério Pascal de Cristo nós dizemos que participamos, entramos e vivemos. É muito bonita essa reflexão. Mas, como podemos apalpar essa realidade? É grandioso! Contudo, continuamos em nosso dia a dia, na terra, como pecadores e frágeis. A fé nos ensina que, se cremos em Jesus e damos nosso passo de adesão a Ele pelo Batismo, estamos ressuscitados. Diz Jesus: “Quem crê em mim, mesmo que esteja morto viverá” (Jo. 11,25). “Quem crê e for batizado, será salvo” (Mc 16,16). Como se realiza essa nossa participação no Mistério Pascal de Cristo? Temos que entender a partir da noção memorial que os judeus tinham a respeito da saída do Egito. Em sua fé, todo o fiel judeu sabia que os acontecimentos passados não eram só para os antepassados: “Eu era prisioneiro do Egito, e Deus com mão forte me salvou” (Ex 13,14). Há uma participação pela fé. A Igreja refletiu essa realidade a partir do “mistério”. Esse mistério não se trata de algo incompreensível, mas participativo. O mistério tem duas partes: uma divina e outra humana. A divina é o dom de Deus; a humana é a celebração ritual na fé. Por exemplo, a água do Batismo, na qual somos mergulhados. É como se morrêssemos com Cristo e ao sair da água, fossemos ressuscitados da sepultura. Nós realizamos o rito e Deus realiza em nós sua graça redentora. Nascemos de novo. Entramos na vida da graça e participamos do Corpo de Cristo que é a Igreja. Essa noção de ressurreição ficou, para o povo de Deus, muito distante. Houve mais preocupação com a morte da Cruz. O Mistério Pascal não são só os acontecimentos finais, mas envolve toda a vida de Cristo, em sua entrega e doação ao Pai, já no nascimento. Ressuscitando com Cristo estamos para sempre com Ele. Cada Eucaristia celebra o conjunto desse Mistério.
510. Buscai as coisas do alto
            Nada mais natural do que viver uma vida de acordo com a realidade espiritual que vivemos. Temos que manifestar, em atos, a vida que escolhemos e recebemos. A religião não está separada da vida. Buscar as coisas do alto não significa perder a ligação com as realidades terrestres. Jesus mesmo o diz: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do maligno” (Jo 17,15). Uma religião que afasta as pessoas do mundo, arrisca-se a perder o sentido e a deixar que o Maligno tome conta. Somos chamados a ser sal da terra, luz do mundo (Mt 5,13) e fermento na massa. Buscar as coisas do alto é praticar o Evangelho de Jesus, de modo particular o seu mandamento que é o amor. Podemos dizer que somos chamados a repetir em nossa vida, a vida que viveu Jesus, de modo que ele continue sua caminhada nesse mundo através de nós.
511. Onde está Cristo 
            Muito mais natural é viver a vida divina através da consciência clara do mal que nos cerca e do bem que nos é oferecido a viver. Paulo insiste: “Tende em vós, os mesmos sentimentos de Cristo” (Fl 2,5). Unidos a Cristo pelo Batismo, participamos de sua Morte e Ressurreição, e também de sua Ascensão. Com Ele subimos ao Pai. A nossa natureza, unida a Cristo pela Encarnação, já está na glória do Pai. Por isso devemos ter um cuidado muito grande com nossa vida espiritual, vida no Espírito, para corresponder a essa realidade espiritual. A espiritualidade tem que ser pão nosso de cada dia. Se crermos estar em Cristo, vamos conduzir tantos outros a essa vida.

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