Terminamos
as celebrações pascais e entramos agora no tempo pascal. São 50 dias de
celebrações. Santo Atanásio diz que é um grande domingo de 50 dias. O mistério
é tão grande que necessitamos um tempo maior para conhecê-lo e penetrá-lo. Em
toda a reflexão do Mistério Pascal de Cristo nós dizemos que participamos,
entramos e vivemos. É muito bonita essa reflexão. Mas, como podemos apalpar essa
realidade? É grandioso! Contudo, continuamos em nosso dia a dia, na terra, como
pecadores e frágeis. A fé nos ensina que, se cremos em Jesus e damos nosso
passo de adesão a Ele pelo Batismo, estamos ressuscitados. Diz Jesus: “Quem crê
em mim, mesmo que esteja morto viverá” (Jo. 11,25).
“Quem crê e for batizado, será salvo” (Mc 16,16).
Como se realiza essa nossa participação no Mistério Pascal de Cristo? Temos que
entender a partir da noção memorial que os judeus tinham a respeito da saída do
Egito. Em sua fé, todo o fiel judeu sabia que os acontecimentos passados não eram
só para os antepassados: “Eu era prisioneiro do Egito, e Deus com mão forte me
salvou” (Ex 13,14). Há uma participação
pela fé. A Igreja refletiu essa realidade a partir do “mistério”. Esse mistério
não se trata de algo incompreensível, mas participativo. O mistério tem duas
partes: uma divina e outra humana. A divina é o dom de Deus; a humana é a
celebração ritual na fé. Por exemplo, a água do Batismo, na qual somos
mergulhados. É como se morrêssemos com Cristo e ao sair da água, fossemos
ressuscitados da sepultura. Nós realizamos o rito e Deus realiza em nós sua
graça redentora. Nascemos de novo. Entramos na vida da graça e participamos do
Corpo de Cristo que é a Igreja. Essa noção de ressurreição ficou, para o povo
de Deus, muito distante. Houve mais preocupação com a morte da Cruz. O Mistério
Pascal não são só os acontecimentos finais, mas envolve toda a vida de Cristo,
em sua entrega e doação ao Pai, já no nascimento. Ressuscitando com Cristo
estamos para sempre com Ele. Cada Eucaristia celebra o conjunto desse Mistério.
510.
Buscai as coisas do alto
Nada
mais natural do que viver uma vida de acordo com a realidade espiritual que
vivemos. Temos que manifestar, em atos, a vida que escolhemos e recebemos. A
religião não está separada da vida. Buscar as coisas do alto não significa
perder a ligação com as realidades terrestres. Jesus mesmo o diz: “Não peço que
os tires do mundo, mas que os livres do maligno” (Jo
17,15). Uma religião que afasta as pessoas do mundo, arrisca-se a perder
o sentido e a deixar que o Maligno tome conta. Somos chamados a ser sal da
terra, luz do mundo (Mt 5,13) e fermento
na massa. Buscar as coisas do alto é praticar o Evangelho de Jesus, de modo
particular o seu mandamento que é o amor. Podemos dizer que somos chamados a
repetir em nossa vida, a vida que viveu Jesus, de modo que ele continue sua
caminhada nesse mundo através de nós.
511. Onde
está Cristo
Muito
mais natural é viver a vida divina através da consciência clara do mal que nos
cerca e do bem que nos é oferecido a viver. Paulo insiste: “Tende em vós, os
mesmos sentimentos de Cristo” (Fl 2,5). Unidos a Cristo pelo Batismo, participamos de sua
Morte e Ressurreição, e também de sua Ascensão. Com Ele subimos ao Pai. A nossa
natureza, unida a Cristo pela Encarnação, já está na glória do Pai. Por isso
devemos ter um cuidado muito grande com nossa vida espiritual, vida no
Espírito, para corresponder a essa realidade espiritual. A espiritualidade tem
que ser pão nosso de cada dia. Se crermos estar em Cristo, vamos conduzir
tantos outros a essa vida.
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