sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Vida Nova”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
503. Jesus é Vida
            Diante de nós está sempre a grande novidade: somos filhos de Deus. Isso deve ser importante, pois a religião se faz a partir da raiz e não das ramas. É a fonte da espiritualidade. Jesus insiste com Nicodemos: “Quem não nascer do alto, não pode ver o Reino de Deus ... Quem não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito” (Jo 3,3.5-6). Retomando a reflexão do 5ª domingo da Quaresma, vemos que Jesus ressuscita Lázaro para mostrar seu poder de dar a vida. Nós somos batizados na morte e ressurreição do Filho, quer dizer que somos inseridos em sua Vida. Ser filho de Deus é ter Sua vida. Esta Vida nós a adquirimos por meio do Filho. Somos filhos no Filho. “Quem tem o Filho, tem a Vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a Vida” (1Jo 5,12). “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3,36) Tendo a vida do Filho, somos filhos de Deus. Esta vida nós a recebemos pela fé que se torna vida em nós pelo Batismo. Se percorrermos a Escritura encontraremos, muitas vezes, a palavra Vida. Deus é criador e deu a vida a todos os seres. Ele fez o “homem alma vivente” (nefesh haiah). Quando diz da participação da Vida de Deus, usa-se a palavra espírito (ruah). O povo é convidado a escolher a Vida (Dt 11,15-20). A Vida nova do cristão é uma vida no Espírito Santo, iniciada pela comunhão com a morte e ressurreição de Cristo. A novidade do Novo Testamento consiste no relacionamento entre o cristão e Deus Pai, por meio de Cristo no Espírito. O cristão não vive por si, é Cristo que vive nele. Não é uma vida segundo a carne, mas nem por isso destrói o valor da carne, isto é, da humanidade. Mas a dignifica porque a une à carne de Cristo, que é uma carne ressuscitada. Pedro diz que somos participantes da Natureza Divina (1Pd 1,40). Exprime a plenitude da vida em Cristo, isto é, a comunicação que Deus faz de a Vida que só a Ele pertence
504. Deus ama o pecador
            O pecado é a morte. Lázaro, aquele que foi ressuscitado, é símbolo do pecado – morte. Jesus, ressuscitando Lázaro confere a todos a capacidade de sair do pecado, da morte para a Vida. “Essa doença é para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus” (Jo 11,4). A glorificação é sua ressurreição anunciada nesse milagre. Jesus ressuscita Lázaro para mostrar que destrói o mal com sua morte na Cruz e dá a Vida onde antes existia a morte. Tudo isso vem do grande amor de Deus que nos amou em Cristo. Amor é vida. “Deus é amor. Quem ama, permanece (vive) em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). O Filho de Deus, deu-nos a Vida, dando sua vida na Cruz. É a manifestação do amor que Deus dedica aos fracos pecadores, “pois Deus dá prova do seu amor para conosco, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8).
505. Sinal da ressurreição
            A vida do cristão é procurar manter a vida divina que recebeu pelo Batismo, fruto da Ressurreição. Cristo é a fonte d’Água viva, da Luz e da Vida. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 4,60). Nossa união com Ele, diz João, deve nos levar a viver como Ele viveu: “Aquele que permanece (vive) nEle, também deve andar como Ele andou” (1 Jo 2,6). É o resultado da divinização. João escreve: “Meu pai é glorificado quando produzis muito fruto e vos tonais meus discípulos” (Jo 15,8). Isso é a alegria do Pai. S. Irineu escreve que a glória de Deus é o homem vivo. Deus não tem interesse na morte do pecador, mas que se converta e viva. O homem torna-se o paraíso de Deus, como nos ensina S. Afonso comentando Provérbios 8,31: “Encontro minhas delícias em estar entre os filhos de Adão”

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