PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
503.
Jesus é Vida
Diante
de nós está sempre a grande novidade: somos filhos de Deus. Isso deve ser
importante, pois a religião se faz a partir da raiz e não das ramas. É a fonte
da espiritualidade. Jesus insiste com Nicodemos: “Quem não nascer do alto, não
pode ver o Reino de Deus ... Quem não nasce da água e do Espírito, não pode
entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do
Espírito é espírito” (Jo 3,3.5-6). Retomando a reflexão do 5ª domingo da
Quaresma, vemos que Jesus ressuscita Lázaro para mostrar seu poder de dar a
vida. Nós somos batizados na morte e ressurreição do Filho, quer dizer que somos
inseridos em sua Vida.
Ser filho de Deus é ter Sua vida. Esta Vida nós a adquirimos
por meio do Filho. Somos filhos no Filho. “Quem tem o Filho, tem a Vida; quem
não tem o Filho de Deus, não tem a Vida” (1Jo 5,12). “Quem crê no Filho tem a vida
eterna” (Jo 3,36) Tendo a vida do Filho, somos filhos de Deus. Esta vida nós a
recebemos pela fé que se torna vida em nós pelo Batismo. Se percorrermos a
Escritura encontraremos, muitas vezes, a palavra Vida. Deus é criador e deu a
vida a todos os seres. Ele fez o “homem alma vivente” (nefesh haiah). Quando diz
da participação da Vida de Deus, usa-se a palavra espírito (ruah). O povo é
convidado a escolher a Vida (Dt 11,15-20). A Vida nova do cristão é uma vida no
Espírito Santo, iniciada pela comunhão com a morte e ressurreição de Cristo. A
novidade do Novo Testamento consiste no relacionamento entre o cristão e Deus
Pai, por meio de Cristo no Espírito. O cristão não vive por si, é Cristo que
vive nele. Não é uma vida segundo a carne, mas nem por isso destrói o valor da
carne, isto é, da humanidade. Mas a dignifica porque a une à carne de Cristo,
que é uma carne ressuscitada. Pedro diz que somos participantes da Natureza Divina
(1Pd 1,40). Exprime a plenitude da vida em Cristo, isto é, a comunicação que Deus
faz de a Vida que só a Ele pertence
504. Deus
ama o pecador
O
pecado é a morte. Lázaro, aquele que foi ressuscitado, é símbolo do pecado –
morte. Jesus, ressuscitando Lázaro confere a todos a capacidade de sair do
pecado, da morte para a Vida. “Essa doença é para a glória de Deus, para que,
por ela, seja glorificado o Filho de Deus” (Jo 11,4). A glorificação é sua
ressurreição anunciada nesse milagre. Jesus ressuscita Lázaro para mostrar que
destrói o mal com sua morte na Cruz e dá a Vida onde antes existia a morte.
Tudo isso vem do grande amor de Deus que nos amou em Cristo. Amor é vida. “Deus
é amor. Quem ama, permanece (vive) em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). O
Filho de Deus, deu-nos a Vida, dando sua vida na Cruz. É a manifestação do amor
que Deus dedica aos fracos pecadores, “pois Deus dá prova do seu amor para conosco,
quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8).
505.
Sinal da ressurreição
A
vida do cristão é procurar manter a vida divina que recebeu pelo Batismo, fruto
da Ressurreição. Cristo é a fonte d’Água viva, da Luz e da Vida. Ele é o Caminho,
a Verdade e a Vida (Jo 4,60). Nossa união com Ele, diz João, deve nos levar a
viver como Ele viveu: “Aquele que permanece (vive) nEle, também deve andar como
Ele andou” (1 Jo 2,6). É o resultado da divinização. João escreve: “Meu pai é
glorificado quando produzis muito fruto e vos tonais meus discípulos” (Jo
15,8). Isso é a alegria do Pai. S. Irineu escreve que a glória de Deus é o
homem vivo. Deus não tem interesse na morte do pecador, mas que se converta e
viva. O homem torna-se o paraíso de Deus, como nos ensina S. Afonso comentando
Provérbios 8,31: “Encontro minhas delícias em estar entre os filhos de Adão”
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