Evangelho segundo S. Lucas 1,39-45.
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão para a oitava da Assunção, sobre as doze prerrogativas de Maria
“Bem-aventurada Aquela que acreditou”
Maria é bem-aventurada, como lhe diz sua prima Isabel, não apenas porque Deus a olhou, mas porque Ela acreditou. A sua fé é o mais belo produto da bondade divina. Mas foi necessário que a arte inefável do Espírito Santo poisasse sobre Ela, para que tanta grandeza de alma se unisse a tão grande humildade no segredo do seu coração virginal. A humildade e a grandeza de alma de Maria são, como a sua virgindade e a sua fecundidade, semelhantes a duas estrelas que se iluminam mutuamente, porque em Maria a profundidade da humildade em nada prejudica a generosidade da alma, e reciprocamente. Julgando-se a si mesma de forma tão humilde, Maria nem por isso foi menos generosa na sua fé na promessa que lhe tinha sido feita pelo anjo. Ela que apenas se considerava uma pobre serva, não duvidou de que tivesse sido chamada a este mistério incompreensível, a esta união prodigiosa, a este segredo insondável. E acreditou imediatamente que se tornaria de facto a Mãe de Deus encarnado.
É a graça de Deus que produz esta maravilha no coração dos eleitos; a humildade não os torna receosos e timoratos, como a generosidade de alma os não torna orgulhosos. Pelo contrário, nos santos, estas duas virtudes reforçam-se uma à outra. A grandeza de alma, não só não abre a porta ao orgulho, como é sobretudo ela que permite avançar no mistério da humildade. Com efeito, os mais generosos ao serviço de Deus são também os mais penetrados pelo temor do Senhor e os mais reconhecidos pelos dons recebidos. Reciprocamente, quando está em jogo a humildade, cobardia alguma se insinua na alma. Quanto menos tem o hábito de presumir das suas próprias forças, mesmo nas coisas mais pequenas, mais a pessoa se confia ao poder de Deus, mesmo nas maiores.
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