quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “A Ressurreição do Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Este é o dia que o Senhor fez
            De madrugada, no primeiro dia da semana, o domingo, iniciava-se o mundo novo. O dia da Ressurreição de Jesus é o primeiro dia da nova criação. Por isso nós o guardamos como o dia do Senhor Ressuscitado. João escreve no Apocalipse: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). Jesus é o Homem Novo ao receber o sopro de vida do Espírito que o ressuscitou. Passou da morte para a vida. Com sua vitória sobre o pecado e a morte, carregou consigo todo o universo. Paulo diz: “Levou consigo cativo o cativeiro” (Ef 4,5), quer dizer, o cativeiro onde se encontrava a humanidade foi conquistado por Cristo. A Ressurreição é fundamental para nossa vida. Participando da Vigília Pascal, pudemos viver intensamente esse mistério na celebração litúrgica. Os símbolos celebrados nos introduziram no mistério do Cristo Ressuscitado. Passamos da morte para a vida com Ele. O texto do Evangelho desse domingo de Páscoa está cheio de significados. Maria Madalena é o símbolo da incredulidade. Procura um corpo que teria sido roubado. Há um sepulcro vazio, com um pano dobrado, que também significa “murcho”, como um invólucro que se esvaziou. Dois discípulos correm. Pedro entrou no sepulcro e viu. O outro discípulo, João, entrou, viu e acreditou. “Eles não tinham compreendido a Escritura segundo a qual, Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9). João crê. Não basta ver o túmulo vazio, é preciso crer. Sem fé, a Ressurreição permanece um enunciado. A fé cristã fica vazia, se não a fundamentarmos na Ressurreição de Jesus. Assumir a vida de Cristo significa passar por sua Paixão e chegar com Ele à vida nova.
O véu que cobria o rosto
            Somente à luz do Espírito podemos compreender o mistério da Ressurreição. Os chefes do povo reconheceram que Jesus ressuscitara, mas nem por isso creram.  É preciso tirar o véu da incredulidade, para ver o Ressuscitado. Notamos que o evangelho acentua que o pano que cobria o rosto estava de lado. Seu rosto está descoberto. Ao judeu, ao ser enterrado, cobria-se-lhe o rosto. Em Jesus, a natureza humana cobria-lhe a divindade. Agora podemos ver Deus em Sua face. Abre-se a Arca do Novo Testamento. Ele é Deus. Ela é a Presença. Somente em Cristo podemos contemplar a face do Pai: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Todos têm, por Ele, acesso ao Pai. É o que Pedro anuncia na casa do pagão Cornélio: Deus não faz distinção de pessoas, de puro ou impuro (At 10,1-43). De agora em diante, “todo aquele que crê em Jesus, recebe, em seu nome, o perdão dos pecados” (At 10,43). A redenção, obra da misericórdia, convida a dar graças: “Este é o dia que o Senhor fez para nós. Daí graças ao Senhor, porque Ele é bom, eterna é a sua misericórdia”! (S 117).
                        Vida escondida com Cristo      
            Rezamos nessa Eucaristia: “Concedei que, celebrando a Ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova”. A vida nova é a união com Cristo.  Pedro salienta que “Ele andou por toda a parte fazendo o bem”. Ser fiel é fazer a vida corresponder à fé, como Ele o fez. Por isso Paulo estimula os cristãos “a buscarem a vida do alto onde está Cristo... pois nascestes de novo e vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl 3,2-3). A vida cristã em sua união a Cristo, produz boas obras. Na Eucaristia nós nos alimentamos desse mistério. Reza a oração das oferendas: Oferecemos esse sacrifício pelo qual a vossa Igreja maravilhosamente renasce e se alimenta”. E, “renovados pelos sacramentos pascais, cheguemos à luz da ressurreição” (Pós comunhão).

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