De madrugada, no primeiro dia da
semana, o domingo, iniciava-se o mundo novo. O dia da Ressurreição de Jesus é o
primeiro dia da nova criação. Por isso nós o guardamos como o dia do Senhor
Ressuscitado. João escreve no Apocalipse: “Eis que faço novas todas as coisas”
(Ap 21,5). Jesus é o Homem Novo ao receber o sopro de vida do Espírito que o
ressuscitou. Passou da morte para a vida. Com sua vitória sobre o pecado e a
morte, carregou consigo todo o universo. Paulo diz: “Levou consigo cativo o
cativeiro” (Ef 4,5), quer dizer, o cativeiro onde se encontrava a humanidade
foi conquistado por Cristo. A Ressurreição é fundamental para nossa vida.
Participando da Vigília Pascal, pudemos viver intensamente esse mistério na
celebração litúrgica. Os símbolos celebrados nos introduziram no mistério do
Cristo Ressuscitado. Passamos da morte para a vida com Ele. O texto do Evangelho
desse domingo de Páscoa está cheio de significados. Maria Madalena é o símbolo
da incredulidade. Procura um corpo que teria sido roubado. Há um sepulcro
vazio, com um pano dobrado, que também significa “murcho”, como um invólucro
que se esvaziou. Dois discípulos correm. Pedro entrou no sepulcro e viu. O
outro discípulo, João, entrou, viu e acreditou. “Eles não tinham compreendido a
Escritura segundo a qual, Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9). João
crê. Não basta ver o túmulo vazio, é preciso crer. Sem fé, a Ressurreição
permanece um enunciado. A fé cristã fica vazia, se não a fundamentarmos na
Ressurreição de Jesus. Assumir a vida de Cristo significa passar por sua Paixão
e chegar com Ele à vida nova.
O véu
que cobria o rosto
Somente à luz do Espírito podemos
compreender o mistério da Ressurreição. Os chefes do povo reconheceram que
Jesus ressuscitara, mas nem por isso creram.
É preciso tirar o véu da incredulidade, para ver o Ressuscitado. Notamos
que o evangelho acentua que o pano que cobria o rosto estava de lado. Seu rosto
está descoberto. Ao judeu, ao ser enterrado, cobria-se-lhe o rosto. Em Jesus, a
natureza humana cobria-lhe a divindade. Agora podemos ver Deus em Sua face.
Abre-se a Arca do Novo Testamento. Ele é Deus. Ela é a Presença. Somente em
Cristo podemos contemplar a face do Pai: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9).
Todos têm, por Ele, acesso ao Pai. É o que Pedro anuncia na casa do pagão
Cornélio: Deus não faz distinção de pessoas, de puro ou impuro (At 10,1-43). De
agora em diante, “todo aquele que crê em Jesus, recebe, em seu nome, o perdão
dos pecados” (At 10,43). A redenção, obra da misericórdia, convida a dar
graças: “Este é o dia que o Senhor fez para nós. Daí graças ao Senhor, porque
Ele é bom, eterna é a sua misericórdia”! (S 117).
Vida escondida com Cristo
Rezamos
nessa Eucaristia: “Concedei que, celebrando a Ressurreição do Senhor, renovados
pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova”. A vida nova é a união
com Cristo. Pedro salienta que “Ele andou por toda a parte
fazendo o bem”. Ser fiel é fazer a vida corresponder à fé, como Ele o fez. Por
isso Paulo estimula os cristãos “a buscarem a vida do alto onde está Cristo...
pois nascestes de novo e vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl
3,2-3). A vida cristã em sua união a Cristo, produz boas obras. Na Eucaristia
nós nos alimentamos desse mistério. Reza a oração das oferendas: “Oferecemos esse sacrifício pelo qual a
vossa Igreja maravilhosamente renasce e se alimenta”. E, “renovados pelos
sacramentos pascais, cheguemos à luz da ressurreição” (Pós comunhão).
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