domingo, 22 de novembro de 2015

Homilia de Cristo Rei do Universo (22.11.15) “Cristo, Rei do Universo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“Cristo, Rei do Universo” 
Meu Reino não é deste mundo
            A reforma litúrgica trouxe a festa de Cristo Rei, que era celebrada no final de outubro, para o fim do ano litúrgico para mostrar que todas as coisas se dirigem a Cristo (Ef 1,10). Pio XI a instituiu no clima das grandes ditaduras do marxismo, fascismo, nazismo e outras que passaram a dominar a terra depois da primeira guerra. A leitura do evangelho de hoje nos põe diante da verdade sobre o Reino de Jesus: “O meu Reino não é deste mundo”. Jesus não se iguala a outros reinos da terra. Não seria bom nem usar para Ele o termo rei para não perder a grandiosidade e a força do amor do Reino acessíveis a todos. Quando quiseram fazê-Lo rei depois da multiplicação dos pães, afastou-Se deles porque seu Reino vai além de uma padaria. Rezamos a identidade desse Reino: “reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz” (Prefácio). É o pão do Reino que em sua Pessoa se multiplica para todos os cantos da terra. O Reino que era visível em Jesus, o Filho do Altíssimo, Senhor do Universo, torna-se agora visível onde seu dinamismo transforma as realidades do mal em dons de vida. Crer em Cristo é encontrar sua Verdade, encontrar seu Caminho e ter sua Vida. Pilatos, ao apresentar Jesus flagelado, disse: “Eis o vosso Rei”. Assim é seu Reino e assim o viveremos. Será coroado de espinhos e receberá o manto de seu sangue. A Igreja anuncia esse Reino e procura realizá-lo em suas estruturas. Ela corre o risco de se encarnar na história não como evangelho, mas como uma ideologia religiosa que não compromete sua vida com o evangelho. De vez em quando temos uns respiros de pureza do Reino quando o realizamos e é realizado na estrutura visível da Igreja. Infelizmente, às vezes, deixamos embaçada sua imagem deixada por Jesus, deixando de lado o Reino de Deus entre os homens
Reinando com Cristo
            Reconhecendo a glória de Cristo, proclamando sua divindade, não estamos escolhendo um modo de agir com prepotência e orgulho. Jesus se tornou rei ao assumir a humildade e entregar-se à morte de Cruz. Por isso Deus O exaltou (Fl 2,6ss). Assumir as atitudes de Cristo é ter sua mentalidade de humildade e fragilidade. Reinar com Cristo é escolher o que Ele escolheu. O modo de vida de Jesus é o modelo de vida de todos os cristãos. Para quem crê, seu modo de viver não é uma opção, é um projeto de vida. É triste ver como cristãos procuram Cristo como um pronto socorro para suas desgraças e logo o deixam de lado. Ele deve ser a opção permanente tanto no modo de pensar, como no modo de agir. É preciso ter seus sentimentos, sua mentalidade e suas atitudes. Só assim poderemos dizer que vestimos a camisa do Reino.
Não fugir do compromisso
            A fé exige compromisso de vida na justiça, na paz e no amor. É preciso sujar as mãos pelos necessitados e se comprometer na defesa de seus direitos fundamentais. É certo que os donos do mundo nos qualificaram de políticos. Assim foi com Jesus. Ele dizia que o discípulo não é maior que o mestre (Mt 10,24). Se fizeram isso com o lenho verde, o que não farão com o seco? (Lc 23,31), disse quando carregava a cruz para o alto do Calvário. A Igreja vai ser sempre um rebanho pequeno cercado de lobos ferozes. Mas, “se com Ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele sofremos, com ele reinaremos” (2 Tm 2,11-12). Que possamos viver com Ele eternamente no Reino dos Céus.
Leituras:Daniel 7,13-14;Salmo 92; Apocalipse 1,5-8; João 18,33b-37 
1.    A festa de Cristo Rei ensina que Ele é o fim de todas as coisas. Seu reino não é desse mundo e não se iguala aos outros reinos. É um Reino universal, reino da verdade, da vida, da santidade, da graça, da justiça do amor e da paz. O Reino é visível em Jesus e onde Ele age. A Igreja anuncia o Reino e procura realizá-lo em suas estruturas. Não é uma ideologia. 
2.   Escolhendo o Reino de Cristo, escolhemos agir como Cristo agiu, com sua mentalidade e seus sentimentos, escolher o que escolheu. Cristo é o modelo para todos os cristãos. Deve ser a opção de nosso modo de pensar e de agir. 
3.   A fé exige compromisso de vida na justiça, na paz e no amor. É preciso sujar as mãos pelos necessitados. O discípulo não é maior que o mestre. A Igreja será sempre o pequeno rebanho cercado de lobos. Se com Ele morremos, com Ele viveremos. 
Uma carta sem baralho. 
O Ano Litúrgico se encerra com a festa de Cristo Rei, pois, como caminhamos na história, sabemos que ela tem uma direção. Esta é o Cristo Jesus para o qual se dirigem todas as coisas (Ef 1,10). Vamos, juntamente com todo o universo caminhado em direção a Cristo. Cristo não é rei nem do carnaval nem de baralho nem da Inglaterra. Ele é o Senhor que serve a todos para que todos tenham um lugar no seu reino de justiça, amor e paz. 
É rei porque nos ama e nos libertou com seu sangue e fez de nós um reino de sacerdotes para seu Pai. (Ap 1,5-6). Pilatos pediu-lhe a confirmação de sua realeza. Sou rei, mas não como você pensa. É rei da verdade. Leva cada homem e mulher a serem inteiros e completos. A verdade do homem é a verdade de seu ser. Por isso temos a integridade em Jesus. Quem é verdadeiro se entende com Jesus e não precisa de um baralho para sua carta. 
O Reino de Jesus não é dominação, mas dedicação e serviço. Por isso Jesus está coroado na cruz. É sua coroa de glória; o sangue é seu manto vermelho; sua liberdade sobre todas as coisas é estar preso na cruz que é a expressão máxima de seu amor.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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