quinta-feira, 26 de novembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Receita de felicidade”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
469. Prazer de servir
            Uma das frases que me ficaram dos primeiros anos, quando eu tinha um caderninho de frases bonitas, foi esta: “A felicidade está onde nós a colocamos, não onde a buscamos”. Ao continuar a reflexão de Ano Novo – já está quase ficando velho – nós pensamos receitas de como viver bem. Podemos pensar: ‘Ser feliz é fazer feliz’. Há uma historinha, que deve ser chinesa, que narra: ‘Havia muita gente para comer. Todo mundo recebeu a comida, mas os garfos eram muito longos. Ninguém conseguia levar a comida à boca. Alguém disse: Cada um coloque a comida na boca do outro, assim todos comem’. Só servindo o outro é que se conseguiu matar a própria fome. Não é à toa que Jesus diz de Si mesmo: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Aquele bonito gesto de lavar os pés dos discípulos na Ceia, estava explicando o que significavam sua vida, missão, morte e ressurreição. Esta cena vem antes de sua morte e no momento da instituição da Eucaristia. Disse: “Se Eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13, 14-15). Sua autoridade não está no poder, mas no serviço. Se Ele assume o serviço como seu modo de ser e viver, não há outro caminho para quem quer encontrar a felicidade que Ele encontrou na Ressurreição. A gente acha que é bobo por servir. Melhor assumir a bobeira dEle do que nossa sabedoria. A dEle deu certo. Ele vive e é o Senhor! Nossa alegria consista sempre em servir! É o caminho para o seguimento de Jesus. Vejamos bem como a ganância do poder para usufruir, mesmo na Igreja, não tem dado bons resultados. Jesus estava dando o sentido e o modo de vivermos nossa vida. Inútil procurar outro caminho. É esta a opção das Igrejas?
470. Dom de acolher
            A opção pelo serviço se desenvolve no dom de acolhimento. Servimos porque sabemos acolher as pessoas. O amor de Cristo fundamenta nossa opção em servir. Não se trata de fazer coisas pelo outro, mas sobretudo de acolhê-lo como Cristo nos acolheu e serviu. Paulo escreve: “Como Cristo vos acolheu, acolhei-vos uns aos outros” (Rm 15,7). O acolhimento, a meu ver, é a virtude mais apreciada em o Novo Testamento. Hospedar, acolher, tem o significado profundo de acolher a Deus. Na carta aos Hebreus podemos ler: “O amor fraterno permaneça. Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13,1-2). Acolher não é só uma boa educação, mas um profundo sentimento de fé na presença de Deus que age no amor. Como acolher Deus, se não o vemos? S. Agostinho explica: acolhemos Deus visível na pessoa do outro. Quem sabe acolher, já tem garantido o Céu. Esse amor é a vida eterna: “Deus é amor: aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele”. (1 Jo 4,16)
471. Alegria de partilhar 
Acolhemos para partilhar. A alegria de acolher não é um sentimento de piedade e de fazer o bem. Esse sentimento, essa mentalidade, é uma ação do Espírito Santo que age em nós. Ele nos fecunda com a Graça que faz crescer Cristo em nós. É Cristo que acolhe e partilha sua vida, como amor misericordioso. Paulo cita palavras de Jesus: “Há mais alegria em dar do que receber” (At 20,35). Misericórdia é partilhar a própria vida, como Ele o fez: “O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10,11). Se servirmos, acolhemos, partilhamos. Assim seremos felizes para sempre, partilhando a vida de Deus. 

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