Evangelho segundo S. Lucas 21,12-19.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Deitar-vos-ão as mãos e hão-de
perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à
presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Assim tereis ocasião
de dar testemunho. Tende presente em vossos corações que não deveis preparar
a vossa defesa. Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos
adversários poderá resistir ou contradizer. Sereis entregues até pelos
vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós e
todos vos odiarão por causa do meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça
se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Gregório de Nissa (c. 335-395),
monge, bispo
Grande Catequese, 29-30
Se a dádiva que Deus deu ao mundo ao
enviar-lhe o Seu Filho é tão boa, tão digna de Deus, porque adiou Ele tanto este
benefício? Dado que o mal no mundo estava ainda no seu início, porque não cortou
Deus pela raiz o seu desenvolvimento posterior? A esta objeção, há que responder
brevemente que foi a sabedoria, a previdência e a bondade de Deus que O fez
adiar este benefício. Com efeito, tal como no caso das doenças físicas, [...] em
que os médicos esperam que a doença, inicialmente escondida no interior do
corpo, se manifeste no exterior, de modo a aplicarem o tratamento necessário
quando ela está a descoberto, assim também quando a doença do pecado se abateu
sobre a raça humana, o Médico do universo esperou até que nenhuma forma de
perversidade permanecesse dissimulada.
Eis a razão por que Deus não
aplicou o seu tratamento ao mundo imediatamente após o ciúme de Caim e o
assassínio de Abel, seu irmão. [...] Foi quando o vício atingiu o seu auge e não
restava mais nenhuma perversidade que os homens não tivessem ousado, que Deus
começou a tratar a doença. Não no seu início, mas no seu desenvolvimento pleno.
Deste modo, o tratamento divino pôde abarcar todas as enfermidades humanas.
[...]
Mas então por que razão a graça do Evangelho não se difundiu de
imediato a todos os homens? É verdade que a graça do Evangelho abarca todos sem
distinção de condição, idade ou raça. [...] Mas Aquele que tem a livre
disposição de todas as coisas nas suas mãos levou até ao extremo o respeito pelo
homem, permitindo que cada um de nós dispusesse de um domínio do qual é o único
dono e senhor: a vontade, a faculdade que ignora a escravatura, que se mantém
livre, fundada na autonomia da razão. A fé está, portanto, à livre disposição
daqueles que recebem o anúncio do Evangelho.
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