Evangelho segundo S. Lucas 20,27-40.
Naquele
tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e
fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer
a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a
viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro
casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a
viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por
fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição,
uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: «Os filhos
deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de
tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão
em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e,
porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos
ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando
chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é
um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos». Então
alguns escribas tomaram a palavra e disseram: «Falaste bem, Mestre». E
ninguém mais se atrevia a fazer-Lhe qualquer pergunta.
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Teodoro de Mopsuesto (?-428), bispo,
teólogo - Comentários sobre S. João, livro 2
«Baptizados em Jesus Cristo, foi na sua
morte que todos fomos baptizados: fomos sepultados com Ele no baptismo da morte
a fim de que, tal como Cristo ressuscitou dos mortos para glória do Pai, assim
também nós vivamos numa vida nova. Se, por uma morte semelhante à dele, nos
tornámos um só com Ele, sê-lo-emos também por uma ressurreição semelhante à sua»
(Rom 6,3-5). S. Paulo mostra-nos assim claramente que o nosso novo nascimento
pelo baptismo é o símbolo da nossa ressurreição após a morte. Esta realizar-se-á
para nós pelo poder do Espírito, segundo esta palavra: «O que é semeado na terra
morre, o que ressuscita é imortal; o que é semeado já não tem valor, o que
ressuscita está cheio de glória; o que é semeado é fraco, o que ressuscita é
poderoso; o que é semeado é um corpo humano, o que ressuscita é um corpo
espiritual» (1Cor 15,42s). O que significa: da mesma forma que, aqui na terra, o
nosso corpo goza de uma vida visível enquanto a alma está presente, de igual
forma receberá a vida eterna e incorruptível pelo poder do Espírito.
Também assim é no que se refere ao nascimento que nos é
dado pelo baptismo e que é o símbolo da nossa ressurreição: recebemos nele a
graça pelo mesmo Espírito, mas com limites e à maneira de um penhor.
Recebê-la-emos em plenitude quando ressuscitarmos realmente e quando a
incorruptibilidade nos for efectivamente comunicada. Por isso, quando fala da
vida futura, o apóstolo Paulo confirma os seus leitores com estas palavras: «Não
só a criação, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos
esperando a redenção do nosso corpo» (Rom 8,23). Porque, se recebemos desde já
as primícias da graça, esperamos acolhê-la em plenitude quando nos for dada a
felicidade da ressurreição.
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