A festa do Batismo de Jesus é densa de ensinamentos
sobre Jesus e sua missão, como também sobre nosso batismo. Jesus não precisava
ser batizado pois o Batismo de João era para a conversão. Jesus não
necessitava. Mas, ao ser batizado por João, assume sobre si toda a iniqüidade
da humanidade e santifica as águas, para que o seu futuro batismo purifique dos
pecados e dê o Espírito Santo. Nesse momento de entrega de Jesus ao mundo para
a redenção, o Pai o declara: “Este é o meu Filho amado no qual ponho todo o meu
agrado” (Mt 3,17). Sobre Ele envia o Espírito Santo que será seu guia. Ele
caminhará na força do Espírito. As ações de Jesus, sua intimidade com o Pai,
seu poder de curar são sempre movidas pelo Espírito, como lemos, logo a seguir
ao batismo: “Então Jesus, foi levado pelo Espírito para o deserto para ser
tentado pelo diabo” (Mt 4,1). O Filho amado é o servo que implantará a justiça,
será centro de aliança do povo e luz das nações (Is 42,6). Sua palavra é
revelação do Pai e de seu Reino. Ao ser batizado, está revelando que será
necessário passar pelas águas para ser filho e ungido pelo Espírito, como Ele o
foi. Depois que Jesus sai das águas, abrem-se os céus. Ele é o caminho para o
Céu de onde vem a voz do Pai e é enviado o Espírito. O batismo que João dá a Jesus
não é o que recebemos, pois Jesus batiza no Espírito. Seu batismo é sua
consagração para a missão: uma missão universal, pois Deus não faz distinção de
pessoas, como explica Pedro a Cornélio, o pagão fiel (At 10,34). Sua missão é
fazer o bem sob a unção do Espírito: “Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o
Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando
a todos os que estavam dominados pelo demônio” (38). Cada cristão é o filho
amado do Pai que exerce uma missão de amor, força transformadora do Reino, no
qual se pratica o bem.
Ungido para evangelizar os pobres
Esse batismo revela-nos a missão do Filho. Deus
o unge com o Espírito para a missão de anunciar a Palavra. Este anúncio é para
a redenção de todo homem e do homem todo, pois Jesus não só pregava, mas
confirmava com os seus milagres, curando todo o tipo de doenças e enfermidades
(Mt 4,24). Pedro diz que ele passou entre nós fazendo o bem. Uma bela
lembrança. A missão do Filho é explicada por Isaias quando relata sobre o servo
amado de Deus: “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu
te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para
abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os
que vivem nas trevas” (Is 42,6-7). A unção batismal que recebemos, não é algo
pessoal e íntimo, mas para o bem de todos. O Espírito estimula sempre os
batizados à prática do bem e do amor aos necessitados.
Sejamos filhos de fato
A oração pós-comunhão
convida a “ouvir o Filho amado de Deus para que, chamados filhos de Deus, nós o
sejamos de fato”. A meta é caminhar como Jesus caminhou, fazendo o bem. Fica
bem recordar que nosso batismo é uma fonte que jorra sem parar, não um ato do passado.
Ele é a porta de entrada no Reino de
Deus, dele nascem os demais sacramentos e a vida cristã. É o momento de renovar
nossa opção fundamental, aprofundar o amor que o Pai nos dedica como a filhos
amados – como o seu Dileto Filho, e nos dispor à missão que o Espírito nos
confere na Igreja e no mundo. A missão acontece em uma comunidade na qual somos
inseridos para nela fazer o bem.
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