sábado, 21 de novembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Ele veio para todos”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Vimos sua estrela no Oriente
Há sempre uma esperança, mesmo nos maiores desalentos. Essa é uma das mensagens dessa festa da Epifania, a Manifestação do Senhor. Ele se manifestou em seu Natal aos humildes; na Epifania, manifestou-se a todos os povos; no batismo no Jordão, aos judeus; em Caná, manifestou sua glória e seus discípulos creram nele (Jo 2,11). “A todos que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12). A festa da Epifania não é a celebração de três homens misteriosos, de camelinhos carregados de preciosidades e de um rei malvado. Ela é a abertura maior do desígnio de Deus de enviar seu Filho a todos os povos. O profeta Isaias faz uma bela narração (Is 60,1-6) na qual mostra a futura glória de Jerusalém. Vive-se um tempo de desencanto. Mas Deus permanece fiel a sua cidade, sua esposa, que está prostrada com a opressão. O profeta quer animá-la a um futuro promissor. Todos os povos caminham para ela. O evangelista Mateus vê cumprida essa profecia com a vinda dos Magos. Não é mais a cidade que atrai, mas agora é Jesus que atrai todos os povos. Por isso os Magos vão a Jerusalém buscar o rei que acaba de nascer. Ele é a estrela que Jacó profetiza dizendo que um astro surge dos acampamentos de Judá (Nm 24,17). Dizer que vieram do Oriente é dizer que Cristo é o sol nascente, como canta Zacarias (Lc 1,78). Mateus quer mostrar que Jesus veio para todos. É a epifania universal. Paulo descreve a revelação desse desígnio de Deus: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho” (Ef 3,6). Os povos têm sua sabedoria, pois, quando abertos a Deus podem encontrá-lo (Rm 1,19). O sábio é um homem de Deus. Prostram-se, reconhecendo-o rei, Deus e homem das dores, conforme a simbologia de seus presentes: ouro, incenso e mirra. Hoje os povos buscam a Deus. A Igreja deve se abrir à diferença das às culturas ou regiões do mundo. Não pode negar o universalismo de Jesus.
Herodes não morreu!
               Ao lado de homens tão simpáticos, que acolheram o Messias com muita alegria, aparece a figura de Herodes, símbolo de toda a rejeição a Cristo. O motivo nem é religioso. A ganância de poder é sua vida. O Menino nasce com a recusa: querem matá-lo e o conseguirão na cruz. A mentira de Herodes se oculta sob capa de piedade: “Ao encontrarem o Menino, avisem-me para que também eu vá adorá-lo” (Mt 2,10). Ainda hoje, em tantos setores do mundo há uma sede de abafar o Cristo inocente, como também toda a verdade e seus seguidores. A celebração do Natal é um exemplo: não é mais o Menino o centro, mas a ganância do ter. Herodes continua vivo em tantos projetos que destroem a vida ou o coração dos pequeninos. A ganância gera a morte dos inocentes.
Voltaram por outro caminho
Adorar Jesus leva ao discernimento de encontrar sempre novos caminhos. Nota-se que os cientistas acham caminhos, mas nem sempre a sabedoria. O caminho da salvação não passa por Herodes nem pelos donos do mundo. Note-se o perigo de unir-se aos poderosos. A Igreja sempre se deu mal ao servir aos poderosos e identificar-se com um determinado poder. Eles sabem usar a Igreja para galgar o poder e depois persegui-la. Os Magos, sábios, souberam voltar por outro caminho. “Sede prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16). Cada liturgia abre-nos os tesouros da sabedoria. Com ela podemos nos alimentar para discernir o que é bom e agradável.
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