Há sempre uma esperança, mesmo nos maiores
desalentos. Essa é uma das mensagens dessa festa da Epifania, a Manifestação do
Senhor. Ele se manifestou em
seu Natal aos humildes; na Epifania, manifestou-se a todos os
povos; no batismo no Jordão, aos judeus; em Caná, manifestou sua glória e seus
discípulos creram nele (Jo 2,11). “A todos que o receberam deu-lhes o poder de
se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12). A festa da Epifania não é a celebração
de três homens misteriosos, de camelinhos carregados de preciosidades e de um
rei malvado. Ela é a abertura maior do desígnio de Deus de enviar seu Filho a
todos os povos. O profeta Isaias faz uma bela narração (Is 60,1-6) na qual
mostra a futura glória de Jerusalém. Vive-se um tempo de desencanto. Mas Deus
permanece fiel a sua cidade, sua esposa, que está prostrada com a opressão. O
profeta quer animá-la a um futuro promissor. Todos os povos caminham para ela. O
evangelista Mateus vê cumprida essa profecia com a vinda dos Magos. Não é mais
a cidade que atrai, mas agora é Jesus que atrai todos os povos. Por isso os
Magos vão a Jerusalém buscar o rei que acaba de nascer. Ele é a estrela que
Jacó profetiza dizendo que um astro surge dos acampamentos de Judá (Nm 24,17).
Dizer que vieram do Oriente é dizer que Cristo é o sol nascente, como canta
Zacarias (Lc 1,78). Mateus quer mostrar que Jesus veio para todos. É a epifania
universal. Paulo descreve a revelação desse desígnio de Deus: “Os pagãos são
admitidos à mesma herança, membros do mesmo corpo, são associados à mesma
promessa em Jesus Cristo
por meio do Evangelho” (Ef 3,6). Os povos têm sua sabedoria, pois, quando
abertos a Deus podem encontrá-lo (Rm 1,19). O sábio é um homem de Deus. Prostram-se,
reconhecendo-o rei, Deus e homem das dores, conforme a simbologia de seus
presentes: ouro, incenso e mirra. Hoje os povos buscam a Deus. A Igreja deve se
abrir à diferença das às culturas ou regiões do mundo. Não pode negar o
universalismo de Jesus.
Herodes não morreu!
Ao lado de
homens tão simpáticos, que acolheram o Messias com muita alegria, aparece a
figura de Herodes, símbolo de toda a rejeição a Cristo. O motivo nem é
religioso. A ganância de poder é sua vida. O Menino nasce com a recusa: querem
matá-lo e o conseguirão na cruz. A mentira de Herodes se oculta sob capa de
piedade: “Ao encontrarem o Menino, avisem-me para que também eu vá adorá-lo”
(Mt 2,10). Ainda hoje, em tantos setores do mundo há uma sede de abafar o
Cristo inocente, como também toda a verdade e seus seguidores. A celebração do
Natal é um exemplo: não é mais o Menino o centro, mas a ganância do ter.
Herodes continua vivo em tantos projetos que destroem a vida ou o coração dos
pequeninos. A ganância gera a morte dos inocentes.
Voltaram por outro caminho
Adorar Jesus leva ao discernimento
de encontrar sempre novos caminhos. Nota-se que os cientistas acham caminhos,
mas nem sempre a sabedoria. O caminho da salvação não passa por Herodes nem
pelos donos do mundo. Note-se o perigo de unir-se aos poderosos. A Igreja
sempre se deu mal ao servir aos poderosos e identificar-se com um determinado
poder. Eles sabem usar a Igreja para galgar o poder e depois persegui-la. Os
Magos, sábios, souberam voltar por outro caminho. “Sede prudentes como as
serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16). Cada liturgia abre-nos os
tesouros da sabedoria. Com ela podemos nos alimentar para discernir o que é bom
e agradável.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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