Evangelho segundo S. Lucas 21,34-36.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado convosco, não suceda que
os vossos corações se tornem pesados com a intemperança, a embriaguez e as
preocupações da vida e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma
armadilha; como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face
da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais
livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato John Henry Newman (1801-1890),
teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «Watching», PPS vol. 4,
n.° 22
«Vigiai e orai em todo o tempo»
«Vigiai!», diz-nos Jesus com insistência.
[...] Não devemos apenas crer, mas vigiar; não simplesmente amar, mas vigiar;
não apenas obedecer, mas vigiar. Vigiar em função de quê? Deste supremo
acontecimento: a vinda de Cristo. [...] Parece haver aqui um chamamento
especial, um dever que de outro modo nunca nos ocorreria.
Temos uma
ideia geral do que significa crer, amar e obedecer. Mas que significa vigiar?
[...] Vigia à espera de Cristo aquele que mantém o espírito sensível e aberto,
que permanece animado, desperto, cheio de zelo para O procurar e O honrar, que
deseja encontrar a Cristo em tudo o que acontece [...] e que vigia com Cristo
(Mt 26,38); aquele que, embora olhando para o futuro, também olha para o
passado, contemplando o que o seu Salvador lhe conquistou e não esquecendo o que
Cristo sofreu por ele. Vigia com Cristo aquele que recorda e renova na sua
própria pessoa a cruz e a agonia de Cristo, e que veste com alegria a túnica que
Cristo usou até à cruz e que deixou após a sua Ascensão.
Muitas vezes,
nas epístolas, o autor inspirado exprime o seu desejo da segunda vinda, mas sem
esquecer a primeira: a crucifixão e a ressurreição. [...] Assim, São Paulo
convida os coríntios a esperar a vinda do Senhor Jesus Cristo (1Cor 1,7-8), mas
não deixa de lhes dizer que tragam sempre no seu corpo a morte do Senhor, «para
que a vida de Cristo Jesus se manifeste em nós» (2Cor 4,10). [...] O pensamento
do que Cristo é hoje não deve apagar a lembrança do que Ele foi para nós. [...]
Assim, na sagrada comunhão assistimos ao mesmo tempo à morte e à ressurreição de
Cristo; lembrando-nos de uma e rejubilando com a outra, oferecemo-nos a nós
próprios e recebemos uma bênção.
Vigiar é então viver desligado do
presente, é viver no invisível, é viver no pensamento de Cristo tal como Ele
veio a primeira vez e como virá no final dos tempos; é desejar a sua segunda
vinda a partir da nossa lembrança, que ama e se sente reconhecida pela primeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário