Terminamos o tempo do Natal, celebração do mistério da
manifestação de Deus em
Cristo. Deus se fez carne e habitou entre nós. Terminada sua
vida terrena, Jesus permanece entre nós, de modo particular na comunidade que celebra.
Iniciamos o Tempo Comum. São 34 domingos que se sucedem, com a interrupção da
Quaresma e Páscoa. Nesse 2º domingo temos a leitura do evangelho de João, não
do evangelista no ano, que, neste, é Mateus. Ele descortina para nós a visão de
todo o mistério de Cristo, a partir da manifestação aos discípulos. João
Batista apresenta Jesus a seus discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo”!. João afirma que não conhecia Jesus. E eram primos. Talvez
conhecesse Jesus como pessoa, não como o enviado de Deus, o que lhe foi revelado
pelo Espírito. João tinha consciência da própria missão de preparar a vinda do
Messias. Em outro lugar (Lc 7,19), manda discípulos a perguntarem a Jesus se
Ele era aquele que devia vir ou deveria esperar outro. Jesus explica a esses
homens quem Ele é realizando alguns milagres. João, ao apresentar Jesus como o
Cordeiro, refere-se a toda a temática do Servo. A palavra cordeiro, talyâ’
em aramaico, significa servo, cordeiro, jovem, jovem de confiança e ainda
pedaço de pão (Tomás Frederici). Quando diz Servo, refere-se ao Servo que encontramos
em Isaias 49,3.5-6: “Tu és meu Servo, em quem serei glorificado ... eu te farei
luz para as nações para que minha salvação chegue até os confins da terra” (6).
Esse Servo, Filho amado, cumpre a vontade do Pai, como canta o salmo 39, “com
prazer faço vossa vontade, guardo eu meu coração vossa lei”. A palavra cordeiro
explica todo o aspecto sacrifical do cordeiro pascal que se liga também ao pão
da Eucaristia. João conhece Jesus a partir do Espírito Santo a quem vê, ao
batizá-lo. João não vê um primo que fica afamado, mas o Prometido de Deus para
a redenção do mundo. João dá o testemunho sobre Jesus e sua missão. Jesus
compreende essa missão como fazer a vontade do Pai: “O que o Pai quer, eu faço”,
mesmo ser o Cordeiro sacrificado.
Que tira o pecado do mundo
Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Não
se trata de pecados pessoais, mas da raiz desse pecado, do qual nascem todos os
pecados. João evangelista desenvolve bem esse tema em seu evangelho e o coloca
na boca de João Batista para indicar a missão de Jesus. Vemos como diz mundo
das trevas em oposição a Jesus-luz. Esse Servo de Deus diz: “Eu te farei luz
para as nações, para que a salvação chegue até os confins do mundo (Is 49,6). O
pecado do mundo é a rejeição: “A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a
apreenderam” (Jo 1,5) A luz é vida (Jo 1,4). Jesus, por sua vida, morte e
ressurreição, destrói o pecado do mundo e dá liberdade e vida para todos. Se o
mundo acolhe, haverá um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1).
Este é o Filho de Deus!
João diz: “Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de
Deus!” (Jo 1,34). Esta é a profissão de fé fundamental de cada um que se salva em Jesus. A Igreja professa essa
fé. Esse testemunho de João, ele o recolhe da teofania do Pai que diz: “Este é
meu Filho amado” (Mt 3,17). Ele transmite à humanidade a vida divina, como foi
atestada pelo Espírito Santo que vem sobre Ele. Se fizermos a vontade do Pai,
como fez, teremos a vida divina e realizaremos, como Ele, o projeto de Deus.
Quando nos reunimos para celebrar, estamos acolhendo o Espírito que nos faz
testemunhar que é o Filho de Deus.https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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