Os evangelhos são um catecismo que nos ensina o conhecimento de Cristo
e a vivência de seu mistério. Tudo o que era humano, era familiar a Jesus e bom
para anunciar o Reino de Deus. Jesus entra nos problemas das pessoas e infunde
nelas a esperança, como vemos no mandamento novo, razão da vida de todos os
seus seguidores. Esse amor é o serviço humilde. Assim dá o fundamento para a
vida de seus discípulos. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos
amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Quando os evangelistas se referem à
realidade da família de Jesus, tem-se a impressão que não querem tanto
descrever um álbum de família, mas dar ao povo de Deus a medida de todo homem e
mulher e de sua união de família. Este é o caminho de salvação. É na família
que o discípulo cresce. Em primeiro lugar, Deus escolheu a família ao vir ao
mundo. A maravilha da encarnação difere de nossas vidas, mas tem a ver conosco.
É caminho para nós: Nós devemos dar o sim ao projeto de Deus. Suas dificuldades
não são mais do que o retrato de nosso cotidiano que deve olhar mais longe:
“pensar nas coisas que são do Pai”. José e Maria devem discernir os caminhos de
Deus quando fogem com o Menino para o Egito e de lá voltarem. Deus não lhes
explicou o quê, nem o por que estava acontecendo. Tiveram que viver o grave
problema na fé. Nós também devemos enfrentar os problemas com fé. A fuga para o
Egito, por pouco histórica que seja, faz parte da história de nossa vida: O
povo de Deus foi estrangeiro e fez sua saída do Egito, depois de 400 anos.
Jesus também se faz estrangeiro e faz sua saída, sempre em busca da terra
prometida. Nós, se não fizermos um êxodo em direção a Cristo, nossa terra
prometida, não realizaremos nossa fé. A família o realiza juntos. Sem esse
êxodo, não consegue entender porquê de suas vidas.
Em
nada diferentes
A
realidade da família hoje difere muito da de outras épocas. Cada época tem seu
modo de ser. Não é nem melhor nem pior. Não podemos buscar o passado como se
ele fosse o melhor. Temos nossa contribuição a dar. Se as realidades atuais são
difíceis, mais generosa deve ser a resposta dada a Deus. Os princípios do amor,
do respeito à vida, do respeito à pessoa, do amor serviçal, da fidelidade ao
compromisso são os mesmos que José, Maria e o Menino viveram. José é chamado de
homem justo, ou seja, vivia bem todas as realidades. O Menino, mesmo sendo
obediente aos pais, não deixava de mostrar sua fidelidade ao Pai. Maria sabia
estar junto aos seus, como fez com Isabel. Estava sempre buscando compreender o
Filho. Silenciosamente esteve junto. Percebem-se na família de Nazaré mais
olhares de confiança do que palavras. Quem sabe esteja aqui o caminho para
hoje: mais abertura ao ser humano que discursos e mais presença junto de Deus e
das pessoas do que acúmulo de rezas. Jogamos com a diferença das pessoas na
igualdade do amor.
Há uma esperança
A Igreja celebra a Sagrada Família de Nazaré como modelo e estímulo a todas as famílias e para todo o povo de Deus que é uma família. Cheguei à conclusão de que, se deixarmos de lado a família, não saberemos mais como é Deus, porque, em outra dimensão, a Trindade santa é comunhão, é família. A esperança se localiza na capacidade de entrega e acolhimento. Todo ser humano é belo, é bom é saudável, dependendo do ponto de vista que olhamos. Se olharmos com os olhos de Deus, saberemos o caminho a tomar. Cada ser humano é único e capaz de viver plenamente a vida, se lhe dermos o amor na esperança.
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