Os
pequeninos passam fome e não há quem com eles reparta o pão! Como não doerem em
nosso coração os lamentos dos pequeninos que sofrem a fome! Ver a dor do povo e
não tomar atitudes já é um crime. Seremos os mais infelizes dos homens se
nossos olhos e nosso coração não perceberem os sofrimentos dos pequenos e
fracos. Ninguém pode ser feliz se há alguém que sofre a seu lado. Não só do pão
sentem fome, mas também da Palavra. Quem sabe essa Palavra venha através da
ajuda que dermos. Os fracos também têm capacidade e necessidade de conhecer a
Palavra. Eles são os que acolhem com mais carinho e fruto essa palavra de
Jesus. O próprio Jesus vivia e falava com eles. Ele diz: “O Espírito do Senhor
está sobre mim, por isso enviou-me a dar a alegre notícia aos pobres, sarar os
corações partidos” (Lc 4,16). São os primeiros destinatários. Jesus usava
palavras que iam direto a seus corações. Eles eram rejeitados pela sociedade
religiosa dos judeus que diziam deles: “Essa gente que não conhece a lei... são
uns malditos” (Jo 7,49). A eles Jesus dirige sua palavra. É a eles que escolhe
como seus discípulos. É a eles que é anunciado o Reino. E sabemos que eles são os que mais estão
prontos a acolher e participar. Todo o empenho da Igreja deve ser o de ir aos
mais abandonados e lhes dirigir a Palavra de Deus. Vivemos na montanha de nosso
bem-estar, como acusa o profeta Amós, esquecidos dos que sofrem. É uma situação
pecaminosa termos uma Igreja que, embora não explore o povo, não deixa os
centros para ir onde estão os necessitados. Não há uma preocupação em
levar-lhes a Boa Nova de Jesus de forma libertadora. Paróquias, grupos e
movimentos se satisfazem em estar bem e não se preocupam com o abandono
espiritual dos pequenos e pobres.
146. Palavra que acolhe
Deus
faz de si a idéia de uma mãe preocupada em ter os filhos nos braços. Deus
acolhe a todos em Seus braços. “Eu os carreguei sob minhas asas de águia.” O
acolhimento de Deus vem também através de Sua Palavra que não é somente a
sucessão de ensinamentos. É um encontro pessoal no qual se manifesta carinho e
amor, dando-nos a sensação de estar sendo abraçados com calor e afeto. A
Palavra que repartimos com os necessitados, mais que idéias ,é um encontro
afetuoso no qual eles se sintam acolhidos. A palavra que acolhe é sinal de uma
presença amorosa de Deus. Se eles não chegarem a esse sentir, dificilmente a
compreenderão como Palavra de Deus que orienta e estimula.
147. Palavra que transforma
Jesus,
quando conta a parábola do bom samaritano, mostra que o verdadeiro amor é uma
atitude de comprometimento e transformação da situação de desgraça em que se
encontrava o homem. A palavra repartida aos pequenos e fracos deve ser
transformadora da situação e das estruturas. Se não provoca mudanças perde seu
sentido. O pão da Palavra repartido não só enche as mentes, mas vai ao fundo do
coração dando esperança e meios de crescer e superar os males em que as pessoas
se encontram. Os santos foram homens e mulheres que pisaram o barro e
arregaçaram as mangas. Quanto nos falta para chegar a sermos cristãos de
palavras e obras! Tiago diz que a fé sem obras é morta. Palavra sem obra é
frágil.
http://padreluizcarlos.wordpress.com/
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