sábado, 27 de dezembro de 2014

O MILAGRE DO MENINO PARALÍTICO

PADRE CLÓVIS DE JESUS
BOVO CSsR
Um casal de ingleses está viajando de carro para Biarritz em gozo de férias. A estrada passa ao lado do Santuário de Nossa Senhora em Lourdes. Com eles viaja o filho único, paralisado do lado direito. O pai, médico, já experimentara todos os recursos da medicina para obter a cura do filho. Só não recorreu a Deus. Não acredita nos milagres de Lourdes. Por isso não irá deter-se nessa famosa cidade mariana. A viagem vai indo muito bem. A uns cem metros de Lourdes, porém, ouve-se um estalido e o automóvel pára no meio da estrada.
- Não é nada, diz o doutor para tranqüilizar a família. Uma pequena avaria.
Mas o enguiço não era de somenos importância. Era preciso chamar um mecânico. D’entre os carros que passam, um se ofereceu para levar os turistas até sua casa na cidade. Tinha um hotel onde ficariam hos-pedados. O pequeno paralítico faz logo amizade com um filho do proprietário do hotel. Ambos chamam-se João. Lá pelas tantas a conversa se desvia para a Gruta de Lourdes e as curas milagrosas que acontecem lá. Mas o menino logo interrompe:
- Chi! Papai nem quer ouvir falar nisso. Diz que é tudo superstição

- Que pena! Se os seus pais não querem levá-lo lá, quer que eu leve?
- Mas, como?
- Muito simples. Amanhã você procura acordar às 5 horas. Como seu quarto dá para a rua, estarei lá para ajudá-lo a sair sem ninguém perceber. Ficarei esperando com o carrinho de mão que papai me deu para levar recados e encomendas. Coloco você dentro, em cima de uma almofada, e assim iremos para a gruta. Na volta você vai ver como caminharemos mais depressa.
- Por què? - perguntou o doentinho, atraído pelo mistério da aventura.
- Porque você estará curado. Quem virá no carrinho serão as muletas, entendeu? No caminho rezaremos o terço pela sua cura. Você não sabe, mas vou ensinar.
Que cena inédita e curiosa naquela manhã, de madrugada: Um carrinho empurrado por um menino modestamente vestido, outro menino de pijama, com semblante lívido e magro. Eram dois pequenos aventureiros.
Chegando à gruta o paralítico contemplou pela primeira vez a imagem da linda Senhora. Emocionado e esperançoso, pediu:

- “Minha boa mãezinha do céu, cura o teu filhinho da terra, se achares bom”.
Começa a missa. Chegando a Consagração, o garoto ajuda o amiguinho a pôr-se de joelhos, coisa que nunca tinha feito em sua vida. Terminada a missa, diz com decisão:
- Agora ande sozinho. Dê-me cá as muletas. Vou colocá-las no carrinho.
O inglesinho dá um passo, mais outro, mais outro e solta um grito:
- Estou andando! Vejam... Eu, que nunca andei na minha vida. Obrigado.

Chegando ao hotel, o medo se apoderou dos dois “delinqüentes”. Estão atrasados. O pai já se levantara e procurava pelo filho. A cama dele está vazia. Avisa a esposa e ambos chamam o hoteleiro, a quem contam toda a sua angústia.
Mas eis que aparecem os dois fujões. Assombro geral. O francesinho assume a responsabilidade:
- Acho que adivinharam o que aconteceu. Fomos à gruta. Levei-o para que a Virgem o curasse. E curou mesmo. Se não gostaram, peço desculpas.
Os pais, emocionados, não sabem o que responder. Entre lágrimas de alegria, perguntam se quer tomar café com eles.
- Claro que sim. Hoje estou com uma fome daquelas... 

(Do livro “Ano mariano” de Robles Figares)
http://www.boletimpadrepelagio.org/

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