Evangelho segundo S. João 20,2-8.
No primeiro
dia da semana, Maria Madalena foi ter com Simão Pedro e com o discípulo
predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos
onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao
sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se,
correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto,
chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras
no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as
ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara
primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.
Da Bíblia Sagrada -
Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
João Escoto Erígena (?-c. 870), beneditino irlandês
Homilia sobre o
prólogo do evangelho de João, § 2
«O que existia desde o princípio, […] o que contemplámos, […] isso
vos anunciamos» (1Jo 1,1-3)
Pedro e João correm para o túmulo. O túmulo
de Cristo é a Sagrada Escritura, na qual os mistérios mais obscuros da divindade
e da humanidade de Jesus estão defendidos, por assim dizer, por uma muralha de
rocha. Mas João corre mais depressa que Pedro, pois o poder da contemplação
totalmente purificada penetra os segredos das obras divinas com um olhar mais
agudo e mais vivo que o poder da acção ainda não totalmente pura.
Contudo, é Pedro quem entra primeiro no sepulcro; João segue-o. Os
dois correm e entram os dois. Aqui, Pedro é a imagem da fé e João representa a
inteligência. […] Portanto, a fé deve entrar em primeiro lugar no sepulcro, que
é imagem da Sagrada Escritura, e a inteligência deve segui-la. […]
Pedro, que representa também a prática das virtudes, vê, pelo poder
da fé e da acção, o Filho de Deus encerrado dum modo inexprimível e maravilhoso
nos limites da carne. João, que representa a mais alta contemplação da verdade,
admira o Verbo de Deus, perfeito em Si próprio e infinito na sua origem, isto é,
em seu Pai. Pedro, conduzido pela revelação divina, olha ao mesmo tempo para as
coisas eternas e para as coisas deste mundo, unidas em Cristo. João contempla e
anuncia a eternidade do Verbo para O dar a conhecer às almas crentes.
Digo, portanto, que João é uma águia espiritual de voo rápido, que
vê Deus; chamo-lhe teólogo. Ele domina toda a criação visível e invisível, vai
para além das faculdades do intelecto, e entra divinizado em Deus, que com ele
partilha a sua própria vida divina.
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