Evangelho segundo S. João 1,1-18.
No princípio
era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele
estava com Deus. Tudo se fez por meio d'Ele e sem Ele nada foi feito. N'Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas
trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus,
chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que
todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar
testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo,
ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não
O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas
àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se
tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e
habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho
Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d'Ele,
exclamando: "Era deste que eu dizia: 'O que vem depois de mim passou à minha
frente, porque existia antes de mim'". Na verdade, foi da sua plenitude que
todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de
Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca
ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a
conhecer.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em
Inglaterra
Sermão «A Encarnação», PPS, t. 2, n°3
«E o Verbo fez-Se carne»
O Verbo era, desde a origem, o Filho
Unigénito de Deus. Antes de os mundos terem sido criados, antes mesmo de o tempo
existir, já Ele existia no seio do Pai eterno, Deus de Deus e Luz de Luz,
sumamente bendito no conhecimento que tinha do Pai e no conhecimento que o Pai
tinha dele, recebendo dele todas as perfeições divinas, mas sempre uno com
Aquele que O tinha engendrado. Como está escrito no início do Evangelho: «No
princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus.» […]
Na verdade, quando o homem caiu, Ele poderia ter permanecido na
glória que tinha com o Pai antes da criação do mundo. Mas o amor insondável que
se revelara na origem da nossa criação, insatisfeito ao ver a sua obra
arruinada, fê-Lo descer do seio do Pai para cumprir a sua vontade e reparar o
mal de que o pecado era a causa. Com indulgência admirável, já não veio
revestido de poder mas de fraqueza, sob a forma de um servo, sob a aparência do
homem caído que vinha levantar. Assim humilhou-Se, sofrendo todas as
enfermidades da nossa natureza, com uma carne semelhante à nossa carne pecadora,
semelhante ao pecador com excepção do pecado, puro de todo o erro mas submetido
a toda a tentação e no fim «obediente até à morte e morte de cruz» (Fil 2,8).
[…]
Deste modo, o Filho de Deus tornou-Se Filho do homem — mortal,
mas não pecador; herdeiro das nossas enfermidades, mas não dos nossos erros;
descendente da antiga raça, mas «princípio da nova criação de Deus» (cf Ap
3,14). Maria, sua Mãe […], foi escolhida para dar uma natureza criada Àquele que
era o seu Criador. Assim, Ele não veio a este mundo sobre as nuvens do céu, mas
nascido aqui em baixo, nascido de uma mulher: Ele, o Filho de Maria, e Ela, a
Mãe de Deus. […] Era verdadeiramente Deus e homem, mas era uma só pessoa […], um
só Cristo.
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