Maria não escreveu um evangelho com papel e tinta, mas com sua pessoa. Aliás, é missão de cada pessoa ser um evangelho vivo. Em Maria podemos ler o evangelho de Jesus. Sua Assunção gloriosa ao Céu é uma prova que viveu plenamente as palavras de Jesus: “Quem ouve minhas palavras e crê Naquele que Me enviou tem a vida eterna” (Jo 5,24). Todos têm esta possibilidade. Além dessa oferta de Jesus, como Mãe de Deus, acompanhou seu Filho na Ressurreição (1Cor 15,23). Não convinha que seu corpo visse a corrupção dizem os apóstolos no dia de Pentecostes: “Nem sua carne experimentou a corrupção (At 2,31). A Maria podemos aplicar essas palavras, pois seu corpo estava unido ao corpo do Filho, desde sua encarnação. Por isso podemos professar a Assunção da Mãe de Deus pelo fato de estar unida à carne de Seu Filho que ressuscitou e foi glorificado. Professamos esta fé quando rezamos no prefácio: “Preservastes da corrupção da morte Aquela que gerou, de modo inefável vosso próprio Filho feito homem, autor de toda vida”. Ela é o evangelho da Vida. O salmo canta esta vitória de Maria: “Entre cantos e festa e com grande alegria ingressam no palácio real. Cheia de graça a Rainha está à vossa direita” (Sl 44,15-16). Ela é evangelho no acolhimento da vontade de Deus “Faça-se em mim, segundo tua Palavra” (Lc 1,38). Ela, redimida em sua concepção, no fim da vida recebeu o fruto total da redenção que é a glorificação. Jesus é o servidor. Maria o reproduz no momento da anunciação com as palavras: “Eis a serva do Senhor”. Seguidora de seu Filho é a primeira discípula. Ensina como seguir Jesus que diz: “Aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mt 12,49). Maria não só tem o parentesco humano, mas também o parentesco espiritual como discípula. Não diminui, mas aumenta sua força evangelizadora.
Espiritualidade do corpo
Maria se torna modelo da espiritualidade do corpo porque levou seu corpo, com a graça de Deus, à perfeita união com a Graça presente nela, pois é a cheia da Graça (Lc 1,28). A união da Divindade e da Humanidade em Cristo nos ensina a grandiosidade da natureza humana que é também matéria, carne. Maria ensina também a viver a plenitude da natureza humana carnal na maior glória da santidade possível ao ser humano. Ela é também uma escola para a espiritualidade do corpo. Todos podem viver a presença de Deus em si, sem que isso “anule” a natureza humana que é elevada e dignificada. A Assunção de Maria demonstra que, como em Seu Filho, seremos glorificados em nossos corpos como ensina Paulo: “Se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, pois sofremos com Ele para também com Ele sermos glorificados (Rm 8,17). Devemos aprender que a santidade se vive no corpo com suas as tendências.
Um projeto para o mundo
Sua Assunção é um estímulo para o mundo, como rezamos: “Acendei em nossos corações o desejo de chegar até Vós” (Oferendas). O mundo tende à Ressurreição: “Em Cristo todos reviverão” (1Cor 15,22). O canto de Maria é um grande projeto de transformação. Cantando as maravilhas de Deus, canta as maravilhas da misericórdia de Deus para a transformação do mundo revertendo o poder em serviço, o orgulho em humildade e a riqueza em caridade misericordiosa. Assim se projeta a vitória de Cristo e o cumprimento total de sua missão que é entregar o Reino a Deus, Seu Pai, destruindo todo poder de morte.
Leituras:Apocalipse 11,19ª;12,1.3-6ª.10ab;
Salmo 44;
1Coríntios 15,20-27ª; Lucas 1,39-21
1. Maria escreveu o evangelho com sua pessoa e sua vida. Sua Assunção prova que tem a vida eterna porque acreditou. Como Mãe acompanhou o Filho na Ressurreição. Não convinha que seu corpo conhecesse a corrupção. Rezamos: “Preservaste da corrupção da morte aquela que gerou vosso Filho”. Redimida em sua concepção, recebeu a glorificação como fruto da redenção. Faz-se serva do Senhor, como o Filho é servo. Maria tem também o parentesco espiritual com Jesus.
2. Maria se torna modelo da espiritualidade do corpo porque levou seu corpo à perfeita união com a Graça presente nela, pois é cheia da Graça. Maria ensina a viver a plenitude da natureza carnal na glória possível ao ser humano. A Assunção demonstra que seremos glorificados com Cristo.
3. A Assunção de Maria é um estímulo para o mundo que tende para a Ressurreição. O cântico de Maria é um projeto de transformação fundado na misericórdia de Deus que transforma o poder em serviço, o orgulho em humildade e a riqueza em caridade misericordiosa. É a vitória de Cristo que entrega o mundo a Deus seu Pai.
Enxergando longe
Nossa Senhora foi levada para o Céu em corpo e alma. Toda gloriosa ela está junto de seu Filho que não se separa da Mãe. Ela acompanha o Filho na Ressurreição e na Ascensão. Ela é a mulher que é revestida do Sol, que é Cristo; Tem a lua debaixo de seus pés. As doze estrelas da coroa são os doze apóstolos do Filho. Simboliza a Igreja que a rodeia.
Ela é a Mãe do Senhor, como a chama Isabel. Senhor é Deus. Ela tem o Filho que dá o Espírito Santo: “Isabel, cheia do Espírito Santo, exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre”. Em sua clareza de espírito Maria diz: “O Senhor fez em mim maravilhas”.
Tudo que dizemos de Maria, em sua Assunção, refere-se também a nós. Por isso, quando a vemos gloriosa, contemplamos nosso futuro. Quanto mais amamos Nossa Senhora, mais unidos estamos ao nosso futuro em Deus e mais transformamos o mundo.
Homilia da Assunção de Nossa Senhora (18.08.2013)
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