Deus divertiu-se muito quando fez o mundo. Encanta-me ver a diversidade das coisas e até o lado divertido de cada ser. Como os animais são diferentes! Tudo tem sua finalidade. As plantas... cada folha é um mundo. Cada célula é uma síntese do universo. O Ser humano... nem se fale de sua riqueza. Pensemos na riqueza do humano unido ao espiritual. Se o humano, que é passageiro, não tem limites sua beleza, imaginemos a riqueza do espiritual que chamamos de alma. Quando tirarmos o véu que cobre nosso rosto veremos face a face a Beleza incriada. Há algo muito interessante na criação: o ser humano é muito rico. Mas é incompleto. No Paraíso já percebemos este lado estranho do ser humano: “O homem pôs o nome em todos os animais... mas não se achava para ele uma ajuda que fosse adequada” (Gn 2,20). A narrativa da criação da mulher da costela do homem mostra a íntima união do homem e da mulher... que “se tornam uma só carne” (Gn 2,24). Carne não é a matéria física, mas todo o ser como uma realidade. Há no casal uma unidade tal que formam um novo ser em duas partes. Pelo sacramento do matrimônio tornam-se um ser espiritual. Por isso não pode ser desfeito o matrimônio, pois um ser espiritual não se parte ao meio. É necessária a reflexão sobre a vocação matrimonial, pois nem todo mundo está apto ao matrimônio. A relação afetiva, corporal, carnal não constitui ainda um matrimônio. Mesmo que o casamento constitua algo natural acessível a todos, para ser um matrimônio é necessária a capacidade de fazer-se um. O homem e a mulher são partes um do outro como para um único ser. Casar não é se acasalar.
Tornar-se Palavra de Deus
Por que é tão importante o aspecto espiritual? A união do casal que se funda no amor é a única maneira que temos para compreender o que seja a comunicação de Deus. Pelo matrimônio sabemos que Deus é amor. Os outros modos de amor são decorrentes. O amor de entrega reflete a entrega de Cristo por Sua Encarnação e em sua Morte que leva à Ressurreição, isto é, à Vida. Temos no sacramento do matrimônio a expressão deste Mistério Pascal que é espiritual e carnal. Isso se realiza na Eucaristia. Há uma passagem imediata do amor matrimonial à Eucaristia que é a entrega de amor de Cristo que se faz comunhão-união. Sem fé, não há matrimônio. Poderá ser uma fé oculta e misteriosa. Vemos que as anomalias matrimoniais são decorrências da incapacidade de realizá-lo na sua verdade. Sendo a maior expressão do amor de Deus, o casal é uma Palavra de Deus. O casal anuncia Jesus não por palavras, mas pela vida. Vivendo na fé e na verdade da vida são o primeiro anúncio de Deus no mundo. É por natureza evangelização.
Um jeito de ser feliz
Quando pensamos em casar temos a ideia de encontrar a felicidade. É por isso que nem sempre o casamento dá certo. Por que? Porque (e aqui entra o segredo de Deus) o matrimônio foi feito para fazer o outro feliz. Se um se preocupa com o outro, os dois serão bem atendidos. O segredo do amor é sair do amor egoísta para o amor de doação. Jesus o mostra com sua vida: “Vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Assim é que Deus age. Temos que sair de nós mesmos para sermos felizes. Essa é Divina. Vemos como os pais fazem tudo para que os filhos sejam felizes. Essa é sua felicidade. Assim é o matrimônio. Assim é a santificação do casal. O Espírito de Deus está presente santificando e promovendo a vida humana. Sem Deus o matrimônio se torna muito mais difícil. Com Deus é Cruz que leva à Ressurreição.
ARTIGO PUBLICADO EM AGOSTO DE 2013
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