Evangelho segundo São Mateus 7,6.12-14.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, não vão eles calcá-las aos pés e voltar-se para vos despedaçarem.
Portanto, o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também: esta é a Lei e os profetas».
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e muitos são os que seguem por eles.
Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida e como são poucos aqueles que os encontram!».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1083-1136)
Prior da Grande Cartuxa
Carta sobre a vida contemplativa,3,6-7
Procurai lendo, batei rezando,
e entrareis contemplando!
A doçura da vida bem-aventurada é procurada na leitura, encontrada na meditação, pedida na oração e saboreada na contemplação. É por isso que o próprio Senhor diz: «Procurai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á» (Mt 7,7): procurai lendo, encontrareis meditando; batei rezando, entrareis contemplando. A leitura apresenta à boca uma espécie de alimento sólido, a meditação mastiga-o e tritura-o, a oração obtém o sentido do gosto, a contemplação é a própria doçura que deleita e restaura. A leitura alcança a casca, a meditação penetra no miolo, a oração exprime o desejo e a contemplação saboreia a doçura obtida. A mente vê que não pode alcançar por si mesma a tão desejada doçura no conhecimento e na experiência. Quanto mais profundo é o seu coração, mais distante lhe parece a altura de Deus; então humilha-se e refugia-se na oração.
Refleti durante muito tempo no meu coração, e na minha meditação acendeu-se um fogo, o desejo de Te conhecer melhor; quando partes para mim o pão da Sagrada Escritura, revelas-Te nessa fração do pão (cf Lc 24,30-35). Quanto mais Te conheço, mais quero conhecer-Te, não apenas na casca da letra, mas no sabor da experiência. Não o peço, Senhor, em razão nos meus méritos, mas por causa da tua misericórdia. Com efeito, reconheço que sou pecador e indigno, mas «até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos» (Mt 15,27). Dá-me, pois, Senhor, o penhor da herança futura, ao menos uma gota de chuva celeste para saciar a minha sede, porque ardo de amor.
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