Evangelho segundo São Mateus 6,1-6.16-18.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita,
para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto,
para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1515-1582)
Carmelita descalça, doutora da Igreja
Caminho da Perfeição, cap. 28, §§ 2-12
(Paço d'Arcos, Edições Carmelo, 2000), rev.
Deus no interior da alma
Onde está Deus é o Céu. Sim, sem dúvida o podeis crer: onde está sua Divina Majestade está toda a glória. Vede que Santo Agostinho diz que O buscava em muitas partes e O veio a encontrar dentro de si mesmo. Pensais que importa pouco a uma alma distraída entender esta verdade e ver que, para falar a seu eterno Pai, não precisa de ir ao Céu, nem para se consolar com Ele é mister falar em voz alta? Por muito baixo que fale, Ele está tão perto que nos ouvirá; nem é preciso asas para ir em busca dele; basta pôr-se em recolhimento e olhá-lo dentro de si mesma, e não se estranhar de tão bom hóspede. Mas falar-Lhe com grande humildade; pedir-Lhe como a um pai, contar-Lhe os seus trabalhos, pedir-Lhe remédio para eles, entendendo que não é digna de ser sua filha.
O ponto está em que Lhe demos a nossa alma como sua, com toda a determinação, e a desembaracemos, para que possa pôr e tirar como em coisa própria. E tem razão sua Majestade: não Lha neguemos. Como Ele não quer forçar a nossa vontade, toma o que Lhe damos, mas não Se dá a Si de todo até que de todo nos demos a Ele.
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