Evangelho segundo São Mateus 7,21-29.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz "Senhor, Senhor" entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Muitos Me dirão no dia do Juízo: "Senhor, não foi em teu nome que profetizámos e em teu nome que expulsámos demónios e em teu nome que fizemos tantos milagres?".
Então lhes direi bem alto: "Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade".
Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína».
Quando Jesus acabou de falar, a multidão estava admirada com a sua doutrina,
porque a ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
Tradução litúrgica da Bíblia
(540-604)
Papa, doutor da Igreja
Livro XI, SC 212
«Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim,
vós que praticais a iniquidade»
«Dele dependem o que engana e o enganado; leva os conselheiros à loucura, e entontece os juízes» (Jb 12,16-17).
Se todo o homem que tenta enganar o seu próximo é injusto, e se a Verdade diz aos injustos: «Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade», em que sentido se diz aqui que o Senhor conhece aquele que engana?
Para Deus, conhecer significa observar e aprovar; portanto, Ele conhece o homem injusto porque o observa e o julga – pois como poderia julgar que um homem é injusto se não observasse? –, mas não conhece o homem injusto porque não aprova a sua conduta. Conhece-o, pois, porque o apanha em flagrante delito, e não o conhece, porque não o reconhece aos olhos da sua sabedoria.
Do mesmo modo, diz-se de todo o homem verdadeiro que ele não conhece a falsidade, não porque não saiba censurar outro por uma palavra falsa, mas porque esse mesmo engano, se o conhece em análise, não o conhece em amor, no sentido em que não o comete; mas, se for cometido por outro, é capaz de o condenar.
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