terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “A generosidade”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Virtude de porta abertas
 
Parece que estamos raspando o fundo do tacho das virtudes que chamamos de humanas. Como o humano está tão unido ao divino, nós navegamos em dois mares ao mesmo tempo. Mais uma virtude? Que riqueza nossa natureza! Que riqueza quando as contemplamos no homem Jesus, imagem perfeita do Pai! As virtudes não são muitas, são infinitas, pois infinita é a Virtude, Deus. Hoje refletimos sobre a generosidade. É uma virtude que nos alegra o coração. Muito nos alegra ao ver a generosidade de tanta gente ao dar tudo de si para que o outro viva, como vemos no casamento, na vida de família, nas atividades sociais e também religiosas. Nada paga a alegria de um dom espiritual distribuído com simplicidade. A generosidade não tem tamanho, pois o que se mede não é o dom oferecido, mas o coração que oferece. Desde um sorriso com sinceridade até a doação da própria vida, tudo é grande e frutuoso. É uma virtude de portas abertas, pois envolve as outras virtudes. A generosidade cabe em qualquer lugar. É virtude de portas abertas porque nos impulsiona a ir longe em busca de doar para se ter mais ainda. Jesus é o modelo da generosidade. No momento em que se definiu, no Céu, para vir salvar a humanidade, fez de si uma entrega total e generosa, não deixando nada que pudesse indicar a mínima sombra de egoísmo. Foi uma vida doada: “Vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Foi isso que os santos e as pessoas de bem fizeram durante toda sua vida: generosos, como Paulo afirma sobre os macedônios: “Deram-se primeiramente ao Senhor, depois a nós” (2Cor 8,5), como Cristo: “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, embora fosse rico, para vos enriquecer com sua pobreza” (2Cor 8,9). 
Resistência enriquecida pelo amor. 
A generosidade não é somente um ato bonito que enfeita nosso dia a dia. Ela se integra como um modo de vida e penetra todos os atos e sentimentos. Fazemos o bem generoso como vida. A virtude é força que nos sustenta e estimula. É vida. Por isso podemos compreender como pessoas são capazes de perdoar grandes ofensas, ou estar em uma atividade que exige força, mesmo sofrendo perseguições. Por que não desistem? Porque a virtude está entranhada em nós. Como o vício é difícil deixar, uma virtude consistente, torna-se como que uma obrigação. Não é uma segunda natureza. É o sustentáculo de nossa natureza. Fazer o bem se torna um modo de viver. 
Ir além do pedido 
À medida que nos encontramos com Cristo, ou Cristo vem ao nosso encontro, saímos de nós mesmos para doar vida. Jesus, no sermão da montanha, comparando sua nova lei com a antiga, diz-nos de ir além: “Se alguém te obriga a andar um kilometro, vá com ele dois”... “Amai vossos inimigos” (Mt 5,41.44). Aos generosos vale aquela expressão: ‘Se precisares de alguém que te ajude, procure quem está ocupado, pois o outro não te ajudará’. Percebo no meu dia a dia que o tempo perdido com as pessoas é o tempo mais bem aproveitado e, de um modo ou de outro, ele aparece em outro lugar e sempre dá para fazer aquilo que ficou para trás. Estar com as pessoas de coração aberto é mais receber do que doar. Por isso é uma virtude de portas abertas. Dai-me, Senhor, um coração generoso.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2009

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