sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Deixai-vos Reconciliar com Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Remédio para nossos males.
 
Iniciamos a Quaresma! A Campanha da Fraternidade proclama: dar lugar para Deus em nossa vida. Esse tempo quaresmal é um sacramento (oração da missa, no texto em latim), quer dizer, tempo no qual a graça de Deus realiza em nós o que celebramos. Isso acontece porque celebramos nela o Mistério Pascal de Cristo que culmina em sua Paixão e Ressurreição. O primeiro ato litúrgico é a imposição das cinzas. Esta cerimônia provém da penitência que era imposta aos pecadores públicos que iriam receber o perdão na Quinta-Feira Santa. Com o tempo a cerimônia passou a todos os fiéis. As cinzas que recebemos não tiram o pecado nem aliviam nossas dores. O importante é compromisso que fazemos de voltar o coração para Deus através da conversão e da penitência. O evangelho apresenta três momentos da “penitência quaresmal” que podem fazer bem para nós: Esmola, oração e jejum. Jesus dá uma dimensão nova a estes três passos de nossa conversão que resumem todos os outros: Devem acontecer na sinceridade do coração e feitos sem se vangloriar. A esmola estimula a fraternidade no uso dos bens materiais. Sem caridade, não vivemos a Quaresma. A oração é o caminho da fraternidade espiritual. Estamos em relacionamento com Deus e unidos às pessoas. É tempo de silenciar o coração, puxar os freios das atividades e distrações para podermos entender a Palavra que nos é dirigida. Com ela construímos o espaço de Deus em nós. Jejum é a fraternidade com o universo. Na alegria do despojamento, nós valorizamos todos os seres humanos e materiais, dando-lhes o valor que possuem de dar vida. Com estes três passos vencemos as tentações como Jesus venceu. A Quaresma, longe de ser um tempo de penitência triste, é o alegre caminho para a Páscoa. 
Não receber em vão 
O tempo quaresmal entra com toda força e nos anima a ter uma grande vontade de chegar à Páscoa. Rezamos na bênção das cinzas: “Derramai a graça da vossa bênção sobre os fiéis que vão receber estas cinzas, para que, prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado o mistério pascal do vosso Filho”. Paulo nos estimula a não receber em vão a graça de Deus: “‘No momento favorável, eu te ouvi, e no dia da salvação, eu te socorri’. É agora o tempo favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,1). Esse tempo litúrgico é rico e favorável para um exame de nossa vida em conversão. Não podemos passar ao largo diante de tanta oferta de graça que esse tempo oferece. A graça maior é da conversão. Posso não ter pecados, mas tenho um longo caminho a fazer para corresponder ao imenso dom da Redenção que recebemos. 
Misericórdia porque pecamos 
O tempo da quaresma é um momento para refletir também em nossa condição de pecadores. A condição frágil e perigosa em que vivemos, deixa-nos numa situação de risco. Por isso, somos convidados pela Igreja examinar nossa consciência e pedir perdão, pois a misericórdia de Deus é infinita. Deus quer nossa reconciliação: “Deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5.20) clama Paulo. Rezamos no refrão ao salmo 50: “Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!”. “Quem sabe se Ele volte para vós e vos perdoe” diz profeta Joel” (Jl e,14). A Quaresma tem, na liturgia, seu principal meio de evangelização. Participemos! Mesmo que não possamos ir à missa todos os dias, podemos seguir as leituras. Elas nos orientarão nesse caminho.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM FEVEREIRO DE 2009

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