Fundou, aos setenta anos uma nova Congregação
dedicada à caridade e ao ensino do catecismo.
Francisca Ana, chamada habitualmente Francinaina, nasceu em Sencelles, Mallorca, Baleares, em 1º de Junho de 1781, sendo baptizada no mesmo dia; pertencia a uma família de camponeses.
Desde pequena se sentia chamada a se consagrar a Deus na vida religiosa. Mas inúmeras e variadas dificuldades a impediram de fazê-lo, com muito pesar de sua parte. Cresceu como qualquer menina do povoado de então; como ajudava os pais e os três irmãos mais velhos nos trabalhos do campo e da casa, Francinaina não fez os estudos elementares. Analfabeta, aprendia o catecismo de memória; também aprendeu a costurar.
Desde pequena se dedicava às devoções do Rosário, da Via Sacra, bem como à frequência na Comunhão. Pediu permissão para entrar em um convento, mas seu pai não aceitou, o que a fez se tornar terciária franciscana desde 1798, levando uma vida de religiosa em sua casa e em meio aos seus trabalhos seculares.
Aos 26 anos, falecida sua mãe e também seus irmãos, Francinaina vivia junto a seu pai na casa familiar. Além de cuidar de seu pai, ela se encarregava de todas as tarefas do campo e domésticas.
Em 1821, seu pai falece. Por ocasião de sua morte Francinaina tinha quarenta anos; ela reafirmou seu projecto de dedicar sua vida a Deus e aos demais. Decidiu levar uma vida de retiro em sua casa, onde vivia em companhia de outra mulher, Madalena Cirer Bennazar, a qual permanecerá junto a ela até sua morte.
Em Sencelles ela era popularmente conhecida como "Sa Tia Xiroia". Trabalha na paróquia e atende ao povo que com frequência recorria a seus conselhos. O que ganha na colheita investe nos pobres, reservando para si mesma apenas o indispensável.
Em 1850 o reitor de Sencelles, Juan Molinas, decidiu estabelecer uma casa de caridade, no espírito das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, na localidade. Encarregou a direcção desta nova instituição a Francisca, que ofereceu sua casa e seus bens para a obra. Em 7 de Dezembro de 1851 fez, junto com outras duas mulheres Ir. Madalena e Ir. Conceição, os votos na nova Congregação, tomando o nome de Francisca Ana da Virgem das Dores.
Apesar de analfabeta, Ir. Francisca ensinava e educava crianças e jovens na fé cristã. Oferecia consolo aos pobres e aos doentes, e os ajudava no limite de suas possibilidades. Orientava e aconselhava as meninas, e qualquer pessoa que necessitasse; também assistia aos moribundos.
Diversos milagres lhe são atribuídos: uma menina foi e voltou de Sencelles à Binisalem, situada a oito quilómetros, em busca de medicamentos. Como chovia Ir. Francisca lhe cedeu sua sombrinha para que a usasse como guarda-chuva. Ao voltar a menina estava completamente seca. Outros milagres se referem à cura de enfermidades de crianças. A fama destes milagres correu pela ilha e muitos vão até Sencelles, como a família Femenias, desde Artá, ou os pais de Guillermo Puigserver, da vila de Lluchmayor.
Ir. Francisca faleceu no dia 27 de Fevereiro de 1855 como consequência de um acidente cerebrovascular; pessoas de todas as classes sociais foram prestar homenagem a ela, que foi sepultada na cripta do Convento das Irmãs de Caridade de Sencelles.
Beatificação
O Papa João Paulo II a beatificou em Roma em 1º de Outubro de 1989.
A Beata Francisca Ana é venerada em toda a Ilha de Mallorca por todas as curas milagrosas que lhe são atribuídas. Sua festividade se celebra em 27 de Fevereiro; nesse dia os habitantes de Sencelles, e de outras povoações, saem às ruas para levar uma oferenda floral para aquela que foi a fundadora das Irmãs de Caridade.
Desde 1986, a cada ano se realiza uma romaria no 2º domingo do mês de maio que vai da localidade de Casa Blanca até ao túmulo da Beata. Esta romaria é feita a pé, a cavalo ou de carro. Em 2005 ela foi nomeada Filha Predilecta da ilha pelo Conselho de Mallorca. Desde 2009 ela é a patrona dos catequistas.
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