Evangelho segundo São João 16,5-11.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora vou para Aquele que Me enviou e nenhum de vós Me pergunta: ‘Para onde vais?’.
Mas por Eu vos ter dito estas coisas, o vosso coração encheu-se de tristeza.
No entanto, Eu digo-vos a verdade: É do vosso interesse que Eu vá. Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei.
Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do julgamento:
do pecado, porque não acreditam em Mim;
da justiça, porque vou para o Pai e não Me vereis mais;
do julgamento, porque o príncipe deste mundo já está condenado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Beato John Henry Newman(1801-1890)
teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra
Meditações e Devoções, cap.14,3
«Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós;
mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei»
Meu Deus, eterno Paráclito, adoro-Te, a Ti que és luz e vida. Podias ter-Te limitado a enviar-me de fora bons pensamentos, para além da graça que os inspira e os realiza; poderias conduzir-me pela vida dessa maneira, limitando-Te a purificar-me, pela tua ação interior, no momento da minha passagem para o outro mundo. Na tua compaixão infinita, porém, entraste na minha alma desde o começo, dela Te apossaste, dela fizeste o teu templo. Pela tua graça, habitas em mim de modo inefável, unindo-me a Ti e a toda a assembleia dos anjos e dos santos. Mais ainda, estás pessoalmente presente em mim, não apenas pela tua graça, mas pelo teu próprio ser, como se, mantendo embora a minha personalidade, eu fosse de alguma maneira absorvido em Ti, a partir dessa vida. E, como quiseste mesmo apossar-Te do meu corpo, na sua fraqueza, ele se tornou igualmente templo teu (1Cor 6,19). Verdade espantosa e temível! Ó meu Deus, creio que assim é, sei que assim é!
Poderei pecar, estando Tu tão intimamente comigo? Poderei esquecer quem está comigo, quem está em mim? Poderei expulsar o hóspede divino por via daquilo que Ele abomina mais do que tudo, da única coisa que pode ofendê-l'O, da única realidade que não é sua? […] Meu Deus, possuo uma dupla segurança contra o pecado: a primeira é o temor de semelhante profanação, na tua presença, de tudo quanto és em mim; a segunda é a confiança de que essa mesma presença me protegerá do mal. […] Nas provas e na tentação, chamarei por Ti. […] Graças a Ti, nunca Te abandonarei.
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