terça-feira, 21 de maio de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Amor que cresce”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
1783. Um amor que é total 
Deus nos permite conhecer sempre mais seu mistério através de meios tão simples e tão humanos, tão ao alcance de nossa mão. É o que estamos refletindo na Exortação Apostólica do Papa Francisco, Amoris Laetitia – Alegria do amor. Esse documento é um passo muito grande no conhecimento da moral matrimonial vista em sua totalidade. Por enquanto estamos aprendendo os fundamentos. A partir do número 120, passamos a conhecer mais ainda como crescer na caridade conjugal. A graça do sacramento do matrimônio ilumina o amor que une os cônjuges. Temos que ultrapassar a barreira do simplesmente humano e entrar no Divino que penetra a realidade humana. Esse amor é total: “É uma união afetiva, espiritual e oblativa, mas que reúne em si a ternura da amizade, a paixão erótica, embora seja capaz de subsistir mesmo quando os sentimentos e a paixão enfraquecem” (AL 120). Papa Francisco cita S. João Paulo II explicitando a grandeza do amor matrimonial: “O Espírito que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo amou” (FC 13). Esta é a dimensão fundamental do matrimônio. Esse amor está unido ao amor com que Cristo salvou a humanidade e nos uniu a Deus. É um amor de comunhão. Como a união das três Pessoas Divinas forma a Unidade, assim o casal forma a unidade. Sabemos que todos esses ensinamentos revelam a realidade, mas a verdade de cada casal parece estar distante. Se houver esforço por compreender e buscar, cresceremos sempre mais. Deus vai nos modelando lentamente. O triste é não tomar conhecimento dessas verdades. 
1784. Tudo em comum 
Quando há um casamento, tanto noivos, como familiares e amigos não fazem uma projeção de algo provisório, uma experiência ou até uma brincadeira de se casarem. O amor é intenso e atinge toda a pessoa, não tem ares de provisório. Como é amor, é sempre eterno. A primeira característica do amor é a “amizade maior”. Este termo é usado por Aristóteles e Santo Tomás de Aquino. Essa amizade é “busca do bem do outro, reciprocidade, intimidade, ternura, estabilidade e suma semelhança entre os amigos que se vai construindo com a vida partilhada. No matrimônio acrescenta a tudo isso uma exclusividade indissolúvel que se expressa no projeto estável de partilhar e construir juntos toda a existência” (AL 123). O matrimônio tem um segredo que o faz durar, como meus pais, 75 anos: “ser casado”. Exige um desafio, começar sempre de novo e não viver no provisório. Ao se colocarem o desejo de ser um para o outro totalmente, nada faltará no casamento. As demais coisas, a vida faz. 
1785. Amor de paixão 
Citando o Concílio, na Constituição Gaudium et Spes, nº 50, Papa Francisco anota algo que supera a mentalidade de ver o fundamento do matrimônio somente na procriação: “O matrimonio não foi instituído só em ordem à procriação, mas para que o amor mútuo se exprima convenientemente, aumente e chegue à maturidade”. O amor matrimonial tem o aspecto totalizante, isto é, corpo e alma. Tudo o que é divino dado ao casal concorre para que o amor seja total. Igualmente, tudo o que é humano, afetivo, carnal e psicológico participa totalmente dessa maravilha. Não há casamento somente espiritual nem só carnal. Se faltar um elemento, destrói-se o sacramento. O espiritual enriquece o humano, como o humano faz a manifestação do espiritual, como na pessoa de Jesus. Ele, em Si, explicita o sacramento do matrimônio como união da Natureza Divina e Humana em Cristo.

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